RETICÊNCIAS...

Numa das últimas edições que li, antes de deixar a

companhia de cigarros Souza Cruz em 1973, o

jornal interno da empresa publicou o resultado

de um concurso de poesias cujo tema era

reticências...

Já não me lembro mais o nome do colega vencedor,

nem consegui guardar na memória todos os

quatorzes versos do soneto...

Perdi um quarteto e dois tercetos. Ficaram apenas quatro versos

e a imagem do relógio de parede pontilhando: dão...dão...dão...

Eis o fragmento que ficou na memória do tempo:

“Enquanto o tempo se vinga

Anoitecendo as auroras

O velho relógio pinga

As reticências das horas.”