XIII - O tempo passava rapidamente na Cidade dos Miguéis

Miguel das Neves Alves foi um dos lutadores para obtenção de atividades físicas no currículo escolar de crianças a partir dos seis anos de idade.

Argumentava enfaticamente que, nesse período, o chamado período das operações concretas de acordo com a teoria Piagetiana, que os alunos estão mais susceptíveis a aprender e a memorizar por meio do movimento.

Dizia, o estudioso, que no momento em que os alunos mais deveriam se movimentar eram obrigados a passarem várias horas sentados à carteira numa concentração forçada.

Qualquer aluno hipercinético ou sedento por movimento era tachado de problemático, trabalhoso e deveria ser punido.

Muitos iam e ainda vão para salas especiais consideradas de nível intelectual inferiores às demais. Os alunos então, se sentiam e ainda se sentem inferiorizados, subjugados e, deste modo passam a obter rendimentos ainda mais insignificantes nas aulas.

Mas, as autoridades escolares e os professores velha-guarda não se apercebiam desse fato tão relevante para o ensino e a educação das crianças miguelenses.

Miguel sabia, por meio de estudos teóricos, que no período das operações concretas, que abrange entre os seis aos doze anos, os alunos têm a capacidade, por meio de atividades, de desenvolver suas valências físicas.

Deste modo, o raciocínio lógico, a noção de tempo e espaço, a lateralidade, a coordenação motora, a agilidade e a sociabilização só poderiam ser desenvolvidas se tivessem, as autoridades responsáveis pelo ensino e educação infantil, trabalhando de maneira correta e otimizadora, aplicando conceitos científicos em prol da evolução educacional e conseqüentemente chegar-se-ia à evolução cognitiva e social.

O professor Miguel das Neves Alves, então, começou a introduzir, ao final de cada aula, e nos intervalos de recreio, quando tinha tempo para isso, jogos recreativos e cooperativos, brincadeiras em grupo e todo tipo de expressão corporal que pesquisava e tinha a real possibilidade de aplicação prática.

O nefelibata professor se doava, era o algo mais de quem vagueia num mundo ideal, paralelo a realidade vigente, e sob certo aspecto passível de materialização.

A diretora do colégio se vendo pressionada pelos docentes ignaros, desconfortados com a mudança brusca dos rumos educacionais que havia na escola, cobrou enfaticamente de Miguel que brecasse suas atitudes didáticas, que aquela iniciativa não lhe cabia, que não era de sua responsabilidade ministrar atividades físicas em suas aulas ou após elas.

Miguel argumentava que educava para a vida e não se prenderia apenas nos livros de história para ensinar e para transmitir conhecimento e instruir seus pupilos.

Usaria todo tipo de ferramenta educacional para evolução intelectual das crianças que tinha contato.

Começava então, uma batalha conceitual e didática sem precedentes naquele pequeno colégio.

Marciano James
Enviado por Marciano James em 10/07/2009
Reeditado em 11/04/2012
Código do texto: T1691978
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