XVI - Uma aula sobre a História da humanidade

Angélica Cristina Pellegrini estava sentada ao pátio a conversar com seu pequeno namorado, um jovem franzino de família humilde, e que a acompanhava desde a quinta série. Apesar de estudar em outro turno escolar, o jovem, nos intervalos de seu labor, a vinha visitá-la em tempo breve.

O amor dos dois era algo singelo e inofensivo diante da família de ambos e dos amigos de classe da bela Angélica.

Independentemente da adversativa empregada para iniciar esse parágrafo saliento que ocorria algo na vida desse jovem que devemos ressaltar enfaticamente.

A pequena criatura anêmica tinha sérios problemas em seu lar, o padrasto espancava periodicamente sua mãe, seu irmão mais novo e a ele.

Ninguém escapava imune das intempestivas surras.

Chegava todo fim de tarde entorpecido por cachaça e, qualquer banalidade gerava espancamentos sem sentido em toda a família.

Muitas vezes, o jovem franzino, apanhava brutalmente sem saber o real motivo. Isso acarretava em seu âmago um ódio intenso e profundo contra o padrasto, conseqüentemente após anos de maus tratos, esse ódio intrínseco começou a estender-se às pessoas fora de seu meio familiar e a todo o resto do mundo.

Não distinguia amor e compaixão, apenas possuía um sentimento de ciúmes e possessividade para com a mãe, o irmão arroxeado e cheio de cicatrizes e sua suposta namorada juvenil.

No inicio do relacionamento, Angélica não tinha conhecimento desses fatos nefastos e, deixou-se apaixonar pelo espancado jovem.

Às vezes, presenciava visualmente alguns hematomas e escoriações, mas obtinha respostas falsas sobre quedas em jogos de futebol e belos tombos de bicicleta.

Naquela manhã ambos conversavam sobre o ocorrido na noite anterior.

Ao chegar a casa mais uma vez completamente embriagado e levemente furioso, o padrasto pôs-se a discutir em alto e estridente som com sua mãe que preparava comida mirrada para jantarem juntos e quem sabe na paz. O velho adentrou-se ao pequeno cômodo que se fazia cozinha, esbravejando e gesticulando como um animal fora de controle.

A mãe na tentativa de acalmá-lo com palavras doces fora esbofeteada violentamente e caíra de súbito ao chão frio e rústico da pequena e humilde casa.

Na iminência de protegê-la, o pequeno e franzino jovem também sofreu agressões por longos minutos. Cansado de tamanha violência, o pequeno ser dizia que: “mataria a qualquer momento aquele monstro brutal e sem um mínimo de compaixão ao próximo”.

Angélica tentava acalmá-lo, todavia hematomas de tonalidade azulada se faziam notórios por todo seu corpo, e sua alma também estava gravemente ferida.

Iniciou-se então, um copioso choro por parte de ambos e alguns colegas puderam presenciar essa cena de comoção e tristeza sem saberem o que realmente acontecia.

No retorno à sala, os olhos de Angélica se faziam úmidos e levemente inchados decorrentes de toda a tristeza que compartilhava com seu pequeno amado.

Percebia que o jovem tornara-se um homem frio, ferido espiritualmente e isso poderia acarretar-lhe sérios problemas nos relacionamentos futuros.

Na escola não tinha boas notas, era disperso e sempre chegava atrasado.

No trabalho que exercia como auxiliar numa oficina de torno mecânico estava sempre cansado e se movimentava lentamente o que lhe acarretava sonoros puxões de orelha por parte do patrão empregador.

Apesar de tudo, Angélica gostava dele.

Quando o conheceu se fez gentil e atencioso, demonstrava ser um belo e educado jovem, cheio de sonhos e esperanças futuras.

Tinham algumas afinidades, gostos parecidos e torciam pelo mesmo time.

Aos treze anos fizeram um pacto, uma jura de amor comum a jovens enamorados na tenra idade.

Na iminência de partir para Serras do Imperador a jovem prestativa, prometeram mutuamente nunca se separarem e se ajudarem em qualquer situação e impasse cotidiano, por mais difícil e problemático que fosse.

No período que estivera em Serras do Imperador, mantiveram contato por cartas longas, recheadas de juras de amor.

Compadecia e resignava-se o meninote ao sofrimento da bela Angélica, separada da família em prol de ajuda à seus parentes.

Quando retornou, sustentaram um longo e profundo beijo e se mantiveram abraçados por minutos a fio, de modo que causou uma leve umidade no órgão sexual de Angélica e tornou-se rígido o membro do jovem enamorado.

A partir daí, se fortaleceram como parceiros; mantinham fornicações sutis superficiais diárias ao saírem do colégio e emanavam de suas mentes as primeiras conscupisciencias carnais.

Angélica, pudica e recatada, como havia lhe ensinado por toda a infância sua mãe, não cedia em breve complacência aos carinhos e bolinações do rapaz, mas por vezes, se via com a mão em seu membro ereto sob o tecido índigo da vestimenta e manipulava-o com tremenda particularidade.

Entretanto, não permitia que o franzino e rígido amor lhe tocasse sob as calças e nunca se encontravam quando estava vestida com saia.

Apenas beijos e chupões nos mamilos e ao redor dos seios eram permitidos nos momentos de tesura intensa e incontrolável.

Ao dormir, o pequeno indivíduo anêmico tinha regulares poluções noturnas ao sonhar com sua amada. Imaginava-se tomando-a em seus braços e deitando-se no pátio da escola vazia, copulando no balcão da cantina em meio as balas e chicletes, e em locais estranhos, típicos de sonhos juvenis regados a testosterona e libido aflorado.

Naquela manhã, o professor Miguel, ao iniciar a chamada metodicamente pela letra primeira do alfabeto, percebeu que Angélica havia chorado. Imaginou de inicio pequenos problemas domésticos ou com as colegas de sala e não deu muita importância apesar de se sentir comovido brevemente.

“Tenho que me concentrar na aula”, confabulou rapidamente ainda a fazer a chamada de presença.

Marciano James
Enviado por Marciano James em 09/07/2009
Reeditado em 11/04/2012
Código do texto: T1690085
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