Exaustão

Sinto-me exausto por lembrar teus passos marcando um ritmo dolente nas calçadas do bairro; também pelas intermináveis histórias que tentavas contar, dando ênfase às passagens absurdas. Tenho cansaço das horas intermináveis em que pensei todas as coisas que mostravas com autoridade. Não quisera lembrar-me de mais nada, pois, sinto-me exausto de tudo o que representas em meu passado cheio de fantasias; sinto-me exausto de tua voz repetindo aos meus ouvidos que me amavas mais que à própria vida, num exercício de destempero e melancolia; quero dar-me à paz que me tiraste gostando de mim menos do que falavas e muito mais do que pudesse ser tolerado. Sinto até cansaço das lembranças e dos caminhos que percorri à tua procura, quando te sentia perdida, sem rumo, com receio de que te pudesses perder definitivamente, não querendo mostrar com isso sentimentos paradoxais; explico-me melhor - num receio de que te pudesses perder, sem horizontes, luz ou sombras num caminhar às cegas como a cavalgada do poeta louco à beira do precipício.

Abrantes Junior
Enviado por Abrantes Junior em 08/07/2009
Código do texto: T1688801
Classificação de conteúdo: seguro