XXIII - Se amaram e se deliciaram

Tornaram-se namorados perante a sociedade.

Saíam juntos nos finais de semana, sentavam-se nos bancos da praça, comiam pipocas, admiravam as cores jorradas pela fonte luminosa, jantavam juntos na casa de Cristino e sua companheira.

Vez em quando, o casal amigo Douglas Hernesto Sanoj e Maria Cecília é que iam à casa de Miguel para saborearem os pratos produzidos pelo gastronômico professor e se embebedavam a noite inteira.

Douglas Sanoj e Maria Cecília, nesse mesmo período uniram matrimônio.

Namoravam havia anos e, de certa forma, fazia-se necessário o desfecho.

Foi uma cerimônia simples, todavia, regada a muita bebida e alimentos variados.

A mesa se mostrava farta aos poucos convidados.

Casaram-se felizes e complacentes perante todos. Numa serena longevidade matrimonial nunca conceberam filhos.

Foram períodos de intensa algazarra e diversão para todos.

A felicidade se fazia presente na vida de nossas personagens e Miguel, achava que aquilo era um verdadeiro presente celestial em sua vida.

Confabulava consigo, já que tinha uma vida intempestiva, se tudo aquilo, se aquele conto de fadas, iria acabar efemeramente.

Orava para que tudo se fizesse longânime.

Angélica fazia-se ditosa e narrava copiosamente sobre a vida de Miguel para sua família durante as refeições e nos momentos em que sentavam à sala para conversarem, e seus pais viam com olhos neutros aquele período inusitado.

Era, para eles também, como um conto de fadas urbano, alegremente narrado diariamente pela bela jovem nos horários de almoço e jantar.

Estavam benevolentes com a situação.

Miguel a ensinava coisas inimagináveis sobre a evolução da humanidade, a sociedade grega, a sociedade egípcia, a Idade Média, o universo e suas teorias ufológicas, a União Brasileira nos seus diversos períodos e lhe indicava uma gama imensa de livros de literatura e filosofia que habitavam o acervo da biblioteca particular do nosso professor de história apaixonado.

Angélica aproveitava cada palavra e cada linha lida para incrementar seus conhecimentos, outrora minguados e agora passíveis de evolução cognitiva.

Do outro lado da moeda, o então ex-namorado estava possesso de ciúmes e falta de consideração da parte de sua amada.

Simplesmente não houve mais contato algum, após aquela noite de fornicações ao lado da igreja. Angélica se mostrava distante e evitava vê-lo. Quando percebia sua presença, logo fugia habilmente.

O pequeno sempre tentava aproximação, mas não tinha sucesso em suas intervenções mal planejadas.

Três vezes foi até a casa de sua amada traidora, porém quem atendia a porta dizia que Angélica não estava, ou não podia atendê-lo.

Na escola, também não conseguia contato. Angélica o ignorava quando sentia sua presença.

Fingia que não ouvia seus chamados e até foi brutalmente barrada por ele quando transitava no pátio com duas colegas de sala.

Pegando-a pelo braço esquerdo disse:

“Por que me ignora minha querida? Estou com saudades. Fale comigo, me dê explicações! Posso mudar. O que fiz de errado? Tenha sentimentos bons comigo. Não me deixe só. Amo você! Não consigo ficar sem sua presença em minha vida. Não me abandone, por favor”!

“Terá que me esquecer. Não amo você. Estou feliz com meu amado. Você encontrará alguém que lhe faça feliz. Não posso ser feliz contigo, ou mesmo te fazer feliz!”

“Por favor, me deixe tentar novamente”.

“Não há volta. Preciso ir. Solte-me!”

“Espere Angélic...”.

“Acabou, já disse, acabou!”

O pequeno ser, agora se tornara completamente irado, possuidor de uma revolta interna que irradiava calor em quem se aproximasse dele. Iria provocar algo que acabasse com aquele relacionamento feliz e bem vivido.

Não aceitava ter perdido sua amada tão facilmente para um homem mais velho e de certa forma, esquisito.

Começou a elaborar nas profundezas de sua mente insana algo que desfalecesse aquela fatídica união.

Marciano James
Enviado por Marciano James em 07/07/2009
Reeditado em 11/04/2012
Código do texto: T1686737
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