Filosofema
Quem passeia pelas vias da reflexão, percorrendo a trajetória das considerações sobre a relatividade das coisas e sobre o papel que exerce o “pecado”, não pode deixar de reconhecer com extrema lucidez e perspicácia, a conotação determinante deste aspecto na vida do ser humano.
Interessante partirmos desta premissa, qual seja, a de considerarmos o pecado como instrumento de evolução do Ser.
Penso que se faz necessário estabelecer com clareza o que se considera pecado, para que se possa perceber a extensão dos equívocos que envolvem a conduta humana.
Tomemos como definição de pecado, a explicação mais simples, concisa e objetiva.
Pecado – transgressão de preceito religioso. Em sentido mais amplo, falta, erro, falha. Desrespeitar qualquer regra moral ou disciplinar. Em sentido legal, delito.
Assim, partindo desta definição mergulhamos na essência da idéia de pecado e abrimos a possibilidade de compreender a sutileza da afirmação de um amigo filósofo, que afirma ser o pecado responsável pela própria evolução.
Quando nos deixamos conduzir por preceitos, dogmas, regras, sem que as questionemos, as analisemos e as elaboremos com toda atenção, nos colocamos em estado debilitado de raciocínio, abrindo mão da prerrogativa máxima do Homem, que é a liberdade de pensar por si.
Neste sentido, muito bem colocado, meu amigo não deixa dúvida sobre sua conclusão. Há que se pagar um alto preço pela desatenção em algo de importância vital ao ser humano.
Não pensar por si, não utilizar a capacidade de concluir, elaborar e escolher, de forma consciente, os atos que se pratica é, para se dizer o mínimo, “ser vivido” e não VIVER!
Aceitar meramente a imposição de limites com o nome de “pecado”, é declinar de uma regalia preciosa, uma dádiva que qualifica todo homem ao livre arbítrio.
A ousadia do Homem que busca verdades, que utiliza prodigamente a capacidade de se descobrir como energia criadora; que exerce conscientemente a liberdade de opção, esse atrevimento é a variável que distingue seres que se anulam e tornam-se amorfos, dos seres que desabrocham na totalidade de sua existência.
Percebermos a relatividade das verdades; das premissas; dos dogmas que nos são impostos; das regras, muitas vezes sem sentido ou tendenciosas, que apenas visam engessar a condição humana e impedir que se realize em plenitude, é darmos o primeiro passo para a evolução de nosso espírito, possibilitando que ele alcance estágios sem precedentes...
A Religião, o Estado, a Moral, como instituições, são códigos que têm seu valor, relativo, mas que precisam ser flexíveis, modificarem-se com o tempo, e irem adaptando-se conforme o ser humano vai evoluindo. É lícito lembrar que “ a Lei existe para servir ao homem e não o homem para servir a Lei”
A religiosidade do indivíduo, o autêntico senso de grupo e a compreensão da vida como uma unidade, estas sim, são condições absolutas, perenes e eternas, que possibilitam o homem nortear-se na jornada da expansão de suas potencialidades.
Toda descoberta exige audácia, coragem de deixar o conhecido e explorar o desconhecido!
Assim, temos que a sabedoria nos aponta para detalhes que fazem toda a diferença. Descobrirmos os limites onde transitam o Absoluto e o Relativo talvez seja a habilidade determinante em nossa busca de perfeição.
Apenas posso cumprimentar meu amigo filósofo, que de forma apropriada nos presenteia com este filosofema.
Vale a pena refletir sobre isso.
Priscila de Loureiro Coelho
Consultora de Desenvolvimento de Pessoas