De Janeiro a Janeiro
Dá-me a noite inteira de teus abraços, a mansidão frouxa dos teus deslizes...
Dá-me os sussurros dos teus beijos afoitos, os desejos sem vernizes. Seja comigo intenso e pleno, sereno...e enquanto te fazes complemento dos meus arremedos de amor, cura em mim essa paixão avassaladora que rege minha doutrina, abala minhas estruturas e me remete as tuas conjecturas...
Dá-me um motivo pra eu não te gostar, um só motivo que eu viro as costas e saio sem dizer uma palavra.
Não tenho cordas nem amarras, tenho sentimentos livres como os cavalos selvagens, que não se domesticam, mas sou mansa e fiel como uma gata indolente que se enrosca nos teus pés e ronrona baixinho...
Dá-me teus pálidos momentos, esses roubados do teu dia apressado, mas cuidado...não atropele os meus medos, não viole os meus segredos, seja cavalheiro; respeite so meus desejos, não divida com mais ninguém o que dou a ti somente...
Dá-me sempre a verdade ainda que nua....eu a prefiro às mentiras regadas de belas palavras...
Dá-me ou pouquinho de ti, e eu te dou o muito de mim...porque sempre cumpro minhas promessas, me dou as avessas...e se te interessa, depois de tudo consumado, depois do relato, do ato...me terás prisioneira de fato...e inquietante que sou...amo-te de corpo inteiro...de janeiro a janeiro...