FLAGRANTES DAS RUAS

A gente sempre pensa que já viu de tudo e, de repente, se surpreende com alguma coisa nova. Eu já vi centenas de pessoas atirando nas ruas e nas estradas tocos de cigarros, embalagens de papel ou papelão, "quenga" de coco, cascas de bananas e outras "preciosidades". Isso é tão comum no Brasil que a gente finda

"se acostumando".

Uma pessoa uma vez me contou (e acredito no testemunho dela) que viu um médico atirando ao chão um toco de cigarro que acabara de fumar. Disse a pessoa que ele ainda pisou no resto do cigarro para apagá-lo, talvez com medo de algum incauto pisar na brasa do cigarro. Um médico não deveria nem dar o mau exemplo de fumar, quanto mais ser protagonista de um gesto tão falto de educação. O ambiente era fechado, e o piso estava impecavelmente limpo e encerado.

Mas a cena que eu vi há poucos dias, nunca tinha visto, apesar dos meus 51 anos de existência. Eu estava me dirigindo ao trabalho e à minha frente ia uma comby. De repente surgiu pela janela do carona uma mão, que soltou na rua uma garrafa de vidro. O vasilhame, naturalmente, se espatifou no chão de pedra tosca, e nesse tipo de calçamento, alguns pedaços podem até se esconder entre as pedras, aumentando o risco de algum incauto machucar-se nos cacos de vidro.

Se fosse num país sério, isso não aconteceria, e, caso acontecesse, qualquer cidadão poderia denunciar o infrator às autoridades competentes. Infrator, sim, pois esse tipo de atitude, além de provocar danos ao meio ambiente, ainda colocou em risco os

pedestres, que poderiam passar por ali descalços ou mal calçados.

No Brasil, entretanto, não existe em número suficiente nem tal tipo de autoridade (competente) nem semelhante espécie de cidadão. Por aqui existe o medo de denunciar e a certeza de que fazer isso pode ser encarado pela maioria medíocre como um ato de imbecilidade ou tolice.

Resta-nos apenas escrever, para provocar nos leitores o desejo de unir esforços para implantar nesta droga de país uma cultura de bom comportamento nas ruas, um hábito de respeito

pelos direitos dos outros e pelo meio ambiente.

António Fernando
Enviado por António Fernando em 17/06/2009
Reeditado em 24/10/2009
Código do texto: T1654135
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