Fujam dos Fenômenos
Em literatura nada se cria, tudo se copia. Que chavão horrendo. Todavia há muita verdade neles, e provavelmente por isso são chavões. É encantador observar leitores imaturos deslumbrados com a inteligência dos nossos autores contemporâneos.
Qual a origem do grandioso trabalho de Goethe? Dos grandes ensaios da “cegueira” ou “lucidez” de Saramago? É fácil encontrar as origens dos grandes fenômenos literários do nosso século, e de muitos dos séculos passados. Na essência criativa de cada autor, há de sobra plágios e paráfrases bem elaboradas.
Não precisamos ir muito longe para encontrar as pegadas do espírito criativo, dos deuses da literatura. Todo escritor antes de ter coragem de publicar precisa estudar milhares de outros autores. O fato é que a maioria deles aplica a máxima Nietzschiana: “o segredo da criatividade é não revelar a fonte".
Então vamos revelar aqui alguns segredos dos mestres criativos do mundo literário. Com um intuito nobilíssimo que é mostrar para o leitor comum e para os novos autores que não são peritos em literatura comparativa, que há um crepúsculo de ídolos em andamento, aqui na nossa humilde revista.
Começaremos por indicar as bases, filosofias e doutrinas que ajudaram a trazer à luz grandes nomes e prêmios Nobel de literatura.
Goethe estudou no início de sua criação, muita coisa infectada por teologia luterana, sobretudo os textos que deram origem à bíblia que temos hoje no ocidente. Para um mediano estudante de culturas mundiais, chega a incomodar o plágio encontrado em FAUSTO da história da tentação de Jó. A inspiração é irrefutável. O resto, o desenrolar é mera alegoria para camuflar a verdadeira obra que lhe permitiu criar a partir de.
Falaremos, portanto de um grande autor que não é muito lido em nosso país. Albert Camus, que também é ganhador do prêmio Nobel. A temática do ensaio de Saramago é para bom entendedor, uma desleitura da Peste de Camus, ambos com enredos diferentes mostram a pobreza do espírito humano no que tange à solidariedade para com o semelhante. A peste de Camus triunfa como crônica primorosa sobre um romance bem escrito porém sem originalidade criativa.
Sobre as origens de Camus: um estudioso incansável da obra de Nietzsche, seu próprio pensamento filosófico do absurdo é reflexo de autores consagrados como Kafka e Dostoiévski. Todavia, não fica tão evidente o plágio de idéias como em Saramago, porque Camus não escreveu obras de cunho semelhante a dos seus mestres. Furtou-se a expor explicitamente sua herança. Encontramos no Estrangeiro, por exemplo, um pensamento quase singular, porque ele, com maestria astuciosa fala por um espírito que não esclarece suas andanças nos
universos kafkanianos, sobretudo em o processo.
Tanto Saramago como Camus são leituras obrigatórias, ambos têm uma
importância imensurável para a formação de um mundo melhor. O que fica evidente nos dois autores é o humanismo que apregoam em suas obras, sejam elas originais ou não.
Não temos, portanto, interesse em reduzir imortais a meros cronistas da vida real. Apesar de nos mostrar o óbvio concernente ao espírito humano, vale ressaltar que acrescenta bastante suas leituras. Mas exortamos aos leitores da Leitura & Crítica a ficarem atentos aos ditos fenômenos. São, não raro, releituras de outros que não foram aceitos em seu tempo nem como bons autores.
Estamos propensos a nos curvar ante àqueles que são canonizados por outros mortais.