Cadê?

Na rua, atônito; o réu corria.

Ao mudar os passos a lentidão gravitacional impelia seu coração a esgar no vazio o grito do desespero.

No chão novamente seus passos descobertos trincavam-se nos trejeitos do asfalto.

Seu coração inchava a cada inflar oxigenado esbugalhando os olhos e a inércia que amparava o corpo nesse instante entregava-se ao abandono.

Prostrava-se morto no espaço do desespero e o instinto sustentava sua fuga.

Ao segurar as próprias mãos,

uma de

cada vez

- última certeza de sua só situação- percebeu-as molhadas e o sal já adentrava os riscos da palma que se partia pingando na carne viva.

Vivos, os lábios entreabertos sorviam o ar rumo ao alcance do próximo impulso, movia-se, e era tudo.

Os olhos fecharam-se na eternidade de um piscar, mas quando abertos poderia ver a salvação - uma flor orvalhada, uma mão estendida, um abraço, o aconchego - uma mísera proteção.