Modernismos condenáveis...

“Nada ficou no lugar

Eu quero quebrar essas xícaras

Eu vou enganar o diabo...

Eu quero acordar sua família...

Eu vou escrever no seu muro

E violentar o seu gosto

Eu quero roubar no seu jogo

Eu já arranhei os seus discos...

Que é pra ver se você volta,

Que é pra ver se você vem,

Que é pra ver se você olha,

Pra mim...”

Bem traduziu Adriana Calcanhoto, essa ilustre cantora e compositora brasileira, o que a maioria de nós sentimos ao término de um relacionamento. Com exceção dos afortunados que conseguem sair ilesos desse processo, os mortais em geral deparam-se com a fúria, dor, raiva, saudade, desejo... Uma miscelânea de sentimentos que assusta qualquer um. Nesse momento, objetos voam, rasgam-se fotos, queimam-se roupas... Por quê? Um coração partido é um estrago muito grande, e os objetos mais próximos pagam o preço.

Porém, com a tecnologia, também veio a “modernização” dos sentimentos. Hoje, ao invés de jogar um porta-retratos contra a parede, pode-se simplesmente deletar o álbum romântico do Orkut ou Facebook... Ao invés de recusar telefonemas e bater portas na cara do ser amado-odiado, você apenas o bloqueia no MSN – ou, quando se quer uma medida realmente drástica, exclui-o terminantemente. Excluir o ser amado do Orkut seria o mesmo que decretar a ele a pena capital. Sim... Sim... A tecnologia muda até mesmo as formas de amar...

Um dia surpreedi-me ao ouvir uma música a respeito, não recordo o autor:

“Eu vou te deletar

Te excluir do meu orkut

Eu vou te bloquear no MSN

Não me mande mais

Scraps, nem e-mails

Power point

Me exclua também

E adicione ele...”

Então me pergunto: Isso é romantismo? Se for, pergunto então a que ponto chegaremos? Sexo virtual, telefonemas que substituem o toque, declarações a uma tela fria e inerte... O romantismo finalmente chega ao fim. Há quem diga que isso aproxima as pessoas, manter contato é mais fácil, ledo engano! Elas não se falam, não se vêem, não se tocam, não se abraçam... Os “moderninhos” que perdoem meu tradicionalismo, mas para mim um e-mail jamais vai substituir um abraço. Jamais!

Deborah Addams
Enviado por Deborah Addams em 28/05/2009
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