A Arca
A ARCA
“Assim fez Noé ; conforme tudo o que
Deus lhe mandou, assim o fez.” Gn 6.22
INTRODUÇÃO
A pregação do evangelho de Cristo é a mais importante das ordenanças do Senhor, visto que é por intermédio desta que alcançamos as ovelhas perdidas e as resgatamos para o rebanho do grande Pastor, preparando-nos para a eterna glória.
Se, pois, queremos ser participantes da eternidade com Cristo, devemos fazer conforme os mandamentos do Senhor, assim como o fez Noé nos tempos que antecederam ao dilúvio.
1. A ESCOLHA
No Capítulo 6 do livro da criação, Gênesis, é relatado o arrependimento do Senhor por ter criado o homem (v.6), devido à corrupção de todo gênero humano. O homem adulterou a forma de vida criada pelo Senhor, multiplicando a maldade e a violência sobre a face da Terra, visto que a maldade do coração do homem se multiplicava à medida que os homens se multiplicavam.
Então decidiu o Senhor que destruiria desde o homem até à ave do céu, pois se arrependera de haver os feito (Gn 6.7). Noé, que era um homem justo, que andava com Deus, achou graça aos olhos do Senhor, que o escolhera para construir uma arca que levaria ele e sua família, assim como de toda carne, dois de cada espécie, macho e fêmea, livrando-os do dilúvio. Assim fez Noé tudo conforme o Senhor ordenara.
Mesmo sendo um varão justo e reto, que andava com o Senhor, cremos que a obediência de Noé, sua fé e temor ao Senhor foram o fator principal de Sua escolha, pois, fosse Noé um homem de pouca fé, não cumpriria a determinação de Deus, visto que nunca houvera fenômeno semelhante ao que Deus anunciara a Noé naqueles tempos, e, certamente, não cumprindo a vontade divina, a ele não seria concedida a salvação, o divino livramento das devastadoras águas do dilúvio.
Se quisermos receber as bênçãos do Senhor, a salvação de nossas almas, devemos fazer conforme tudo o que Deus mandou, sem olhar para trás, não atentando para as dificuldades, nem para as barreiras que possam estar atravancando o caminho, não dando ouvidos a acusadores e escarnecedores, mas atentando para a voz do Espírito Santo, que nos consola e nos guia pelo bom caminho.
Fazer conforme Deus ordena é fazer com amor, com amor incondicional, amor que não espera reconhecimento, que não quer nada em troca, pois a maior recompensa já nos foi dada. Então, se é para pregar a Palavra de Deus, que pregue; orar, que ore; louvar, louve; ensinar, ensine; trabalhar, trabalhe; mas com amor e tudo para a honra e glória do nome do Senhor, não procurando obter glória alguma por suas obras, pois, assim como a Casa de Deus encheu-se da nuvem da glória do Senhor no momento em que arca fora levada para o santuário, quando todos cantavam, louvavam, tocavam instrumentos (2Cr 5), e nada podia ser visto dentre as nuvens, nem mesmo os sacerdotes puderam ter-se em pé para ministrar, porque onde o Senhor habita, onde sua glória é manifesta quando louvamos, ensinamos, pregamos, oramos, é a Sua glória que deve encher o santuário de maneira tal que não sejamos reconhecidos, mas que o nome do Senhor dos Exércitos seja glorificado em nossas vidas, em nossas obras.
2. A RECOMPENSA
Assim fez Noé, conforme Deus lhe mandou. Então, entrou Noé e sua família na arca, pois era homem justo diante do Senhor em sua geração (Gn 7.1). Sendo justo, cremos que Noé não era vingativo, não tinha mágoas, não queria mal a ninguém, nem àqueles que ainda praticavam a maldade no decorrer dos anos em que ele e sua família construíam a arca; por isso, Deus achou graça nele. E podemos crer que, mesmo assim, pensava Noé em seus irmão e irmãs, nos mais íntimos, achando, talvez, que alguns deles também poderiam adentrar na arca e serem salvos. Mas não foi em vão que o Senhor achou graça em Noé, homem que não contendia com Deus, e que, de maneira alguma, reivindicou algo além da bênção que o Senhor prometera.
Certamente, algum de nós já imaginou que algum conhecido seria digno de receber alguma bênção que há anos espera, ou, talvez, já julgamos que certa pessoa estaria pronta para alcançar a divina salvação, ou ainda contendemos com o Senhor achando que é a hora daquele nosso parente, do amigo mais chegado, arrepender-se e render-se aos pés do Senhor Jesus; mas, assim como Deus conhecia Noé e seus irmãos, e, por esse motivo, ordenou que apenas ele e sua família entrassem na arca, só o Senhor conhece profundamente o nosso coração, o coração dos nossos parentes, de nossos amigos, e só Ele sabe o momento em que a bênção para alguém será realmente bênção.
Só o Senhor conhece o coração de todos os filhos dos homens (1Rs 8.39), e o julgamento para todas as coisas a Ele pertence, e nem ao menos nós podemos nos julgar, pois, categoricamente, a Bíblia afirma que “maldito é o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor” (Jr 17.5), mas “bendito é o varão que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor” (Jr 17.7); o homem que julgar a si mesmo, certamente não será julgado (1Co 11.31), pois, julgando-se a si próprio, faz da carne o seu braço, julga a seu favor, aparta-se do Senhor, e descumpre seu mandamento; como consequência, não será julgado, pois a sentença para aqueles que não seguem as ordenanças do Senhor é uma só: culpado.
A prática da maldade continuou através dos tempos. E, para a expiação dos pecados, advindos da maldade que habita o coração dos homens, havia os sacrifícios dos animais, quando os sacerdotes queimavam os holocaustos ao Senhor. Mas o Senhor também se cansou da hipocrisia instaurada dentre seu povo, e se fez carne, e habitou entre nós, e pregou, e curou, e derramou bênçãos, e ensinou, e morreu por nós; como um cordeiro, foi levado ao matadouro, e ao Senhor, agradou o moê-lo. Mas quando a sua alma se pôs por expiação do pecado, os dias se prolongaram para nós, a eternidade é nos dada, pois Ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu (Is 53). E esse mesmo Deus, que habitou entre nós, nos deu a missão de encher essa nova “arca”, não apenas com uma só família, como nos tempos de Noé, mas com todos aqueles aos quais o evangelho do arrependimento for pregado.
Seguir a ordem de Jesus antes de Sua ascensão, “ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19), é fazer conforme o Senhor mandou para podermos entrar na arca com os nossos irmãos em Cristo, pregando a Sua morte redentora no calvário, Seus ensinamentos, Suas curas, Seus milagres, Seu perdão, Suas bênçãos, mas, principalmente, atentar para as coisas que não se veem (2Co 4 17,18), aquelas que são eternas: exortar o povo a entender que Cristo morreu para que tivéssemos vida, e vida em abundância, vida eterna, e que aquele que não estiver pronto quando da Sua segunda vinda, será participante da segunda morte, da qual provém o sofrimento eterno.
CONCLUSÃO
A nossa missão está clara, salvar vidas, e cabe a nós, somente a nós encaminhar as almas para a glória que nos há de ser revelada. Façamos, pois, com urgência, pois a maldade e a corrupção assolam o mundo com grande intensidade, e, como o Senhor é o Deus que não muda, e esta é a razão de não sermos consumidos (Ml 3.6), Ele não exterminará os seres viventes de sobre a face da Terra, como prometera, mas, certamente, está na iminência de mandar que Seu Filho venha buscar Sua igreja, a noiva que estará pronta para as bodas com o cordeiro, e, então, assim como o próprio Deus fechou a porta da arca por fora quando da entrada de Noé, sua família e dos animais, assim será na vinda do Senhor, e “arca” será fechada, e nada mais poderemos nós, os que estivermos na glória, fazer pelos demais. Anunciemos, pois, as boas novas, ensinemos a buscar a Deus enquanto se pode achar, e participemos da glória do Senhor eternamente.
Rogério Braga Bandeira
Presbítero e Professor de Escola Dominical da
Assembléia de Deus Ministério Casa de Adoração