O BEIJO QUE NÃO DEI

Está guardado, numa caixa de sapatos

Velha, mofada, amarelecida.

No freezer, conservado, hibernado.

Está no ar, no tempo, perdido.

O mar salgou o beijo que não dei.

E o sol - o derreteu.

O beijo que não dei está sepultado,

Cristalizado de formigas.

O beijo que não dei foi tragado

Pela vida, exaurida,

A morte.

O beijo que não dei há muito não existe mais.

Jaz inerte desmaterializado, diluído,

Em nanos microorganismos -

Invisível.

O beijo que não dei,

Ósculo da loucura - estupidez da

Condição humana.

O beijo que não dei...é o beijo

Irremediável, sem conserto.

Diana Gonçalves

Poesia on line - 24/05/2009 – 23:23