PROGRAMAS DE ASSISTÊCIA SOCIAL: AVALIAÇÃO E ÍMPACTO

A avaliação do impacto de um programa de assistência social deve ter como parâmetro principal comportamento da população atendida, frente a uma situação-problema, antes e depois da inserção de um município e de uma instituição, nesses programas. Mais importante que os dados quantitativos, é a avaliação voltada para os resultados da ação educativa desses programas. Uma pergunta fundamental seria: até que ponto as estratégias de atuação desses programas tem sido capazes de mudar o comportamento das pessoas atendidas frente aos problemas postos pela sua prática social ou em função dela? Estariam essas pessoas ou grupos capazes do engajamento consciente no processo de participação, na busca de soluções e conseqüentemente, na vivência da cidadania enquanto mecanismo de inserção dos indivíduos na vida de seu bairro, de seu município, de seu Estado e, finalmente na vida do país?

Não se trata de uma tarefa fácil, porque de modo geral, não faz parte da cultura histórica das instituições de assistência social, uma avaliação qualitativa mais eficiente. Não se tem notícia de que essas instituições tenham feito pesquisas para saber onde estão e como estão inseridos na sociedade, os egressos de seus programas. Se este procedimento fosse adotado, certamente seria um bom caminho para avaliar o impacto de suas ações, na vida de seus destinatários.

De qualquer modo, para avaliar esse impacto, é fundamental ter em mente a presença de alguns fatores dos quais depende o êxito de qualquer programa. Experiências bem sucedidas aliam competência profissional e recursos financeiros suficientes e disponíveis. Um não existe sem o outro. Profissionais competentes, comprometidos e idealistas, sem recursos para por suas idéias em prática, esgotam-se em si mesmos. Sucumbem à espera de melhores dias. Importante também é a base física. Propostas bem intencionadas nem sempre podem ser operacionalizadas por falta ou inadequação do espaço ou pela insuficiência de recursos materiais para manutenção das atividades. Por mais inovadora que se seja uma equipe de trabalho, não há como manter em funcionamento satisfatório, uma oficina, uma sala de aula ou qualquer outra atividade quando não há recursos para auxiliar no processo de aprendizagem. A “cultura do amor”, largamente difundida durante amos, já não é suficiente para que os programas de assistência social dêem certos. É muito importante que os profissionais amem o que fazem, mas esse amor deve ultrapassar os limites do assistencialismo paternalista, para aliar-se a um compromisso histórico, político e cultural e com uma proposta metodológica e de educação que busque de fato e de direito trazer os destinatários desses programas para um efetivo processo de participação, sejam crianças, adultos ou idosos vitimizados. Sem essa participação, qualquer programa, seja de que natureza for, será apenas e tão somente, instrumento mantenedor de consciências adormecidas, de indivíduos que esperam sempre pela esmola ou caridade daqueles que são mais favorecidos pela sorte ou pelas “benesses do Estado”.

Este texto está inserido no livro “O acontecer pedagógico de uma escola-oficina” do qual fui colaboradora. Muitas das idéias aqui contidas são inspiradas no educador mineiro Antonio Carlos Gomes da Costa.

Conceição Gomes