Manuel Bandeira

Poeta completo não existe, há aqueles que nos convencem que são donos de todos os estilos. Fernando Pessoa sai do individualismo, para criar um espírito coletivo que serve a todos os poetas vivos e mortos. Fernando Pessoa levou ao máximo a arte da transformação do eu, funcionando como alegoria da desconstrução lírica. Muitos poetas também conseguiram fazer poesias sem perder o foco da sua própria biografia.

Manuel Bandeira foi um poeta atento aos desejos de seus leitores, todavia não deixou de ser ele mesmo. Manuel produziu poemas técnicos e impressionistas, como um artífice da alquimia poética. Não foi avesso ao modernismo, porém não largou a destra dos grandes clássicos. Portanto agradou a gregos e troianos. Experimentou a vanguarda como quem fazia poemas por encomenda. Abusou das formas dos seus contemporâneos e dos mestres do passado. Não sofreu demasiado o peso que carregou como membro da ABL. Com um extremo jogo de cintura, conquistou admiração tanto dos apaixonados como dos niilistas.

Penou a aversão de alguns literatos, devido a sua criação fantasiada de subjetividade. Mas não se pode negar o efeito dos seus poemas líricos de imagens fortes, provocando êxtase em um grupo de racionalistas críticos que formava a poesia concreta brasileira.

Manuel bandeira é sem duvida um poeta aceito nacionalmente, como Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto e Mário Quintana. Esta majestade foi conquistada por saber caminhar por duas vielas: saber encarar o passado sem desprezar o presente. Um poeta grande que sabe falar ao coração sem, contudo fugir da razão das críticas de grandes estudiosos da sua arte.

Agradou aos sábios e encantou os simples, e projetou sua linguagem para um futuro promissor. Por isso sua obra não envelhece. Uma poesia que vai do simples lírico ao erudito da metafísica.

Evan do Carmo

Evan do Carmo
Enviado por Evan do Carmo em 11/05/2009
Reeditado em 27/06/2009
Código do texto: T1588533