O discurso que não fiz, mas que gostaria de fazer

Senhores, para este que hora vos fala esse é um momento único, momento há muito

sonhado e que agora se faz realizar. Nunca imaginou um cidadão de classe inferior a vossa, ter a

oportunidade de dirigir-lhes a palavra em tema livre e por vós convidado, mas já que a ocasião

se fez presente cabe a este cidadão projetar-se o mais alto possível, para não decepcionar a sua

classe e não a vossa classe, pois este é um cidadão que nunca teve a língua presa e não vai ser por

estar diante de vós que esta travará.

Já faz muito tempo, já se vai muitos anos que deixei incubados meus pensamentos na

esperança de uma oportunidade como essa aparecer e, já que a mesma se fez presente, cabe a mim

despojar de todo aquilo que está me fazendo enjoar sem ter um remédio capaz de sanar meus males

a não ser este, falar a vós tudo aquilo que muitos querem, mas não tem o que agora estou tendo,

ocasião. Senhores, estamos cansados de esperar de vós um comportamento capaz de justificar

nossa confiança sega ao colocá-los neste recinto, que deveria abrigar somente Ilustres e não um

bando de gafanhotos famintos, que pensam somente em saciar sua fome e, para isso não medindo

esforços em passar por cima dos mais elementares conceitos de um cidadão correto.

Vai dia, vem outro dia e os escândalos continuam a manchar as páginas dos matutinos

e vespertinos que tem por obrigação de nos trazer de vós, as notícias que deveriam nos alegrar,

mas que só contribuem para que nossa tristeza cresça e nosso repúdio a esta casa se torne cada

vez mais freqüente. Sinto, porque deveria usar dessa oportunidade para elogiá-los, enaltecê-los,

mas infelizmente minha consciência é quem comanda nesse momento minha vontade e minha

verdade. Que Deus tome conta dos Senhores e que nossa revolta não se transforme em uma arma

e nos livre da ira no momento em que de novo nos confrontarmos.

Aqui, vendo-os é difícil acreditar do que são capazes, pois mais parecem carneirinhos

carentes do que lobos insaciáveis. Sei que estão paralisados por não acreditarem nas palavras

sinceras deste reles eleitor, que resolveu usar da oportunidade para sacudir de dentro para fora,

tudo aquilo engolido a contragosto. Mas creiam-me, é possível que milhares iguais a mim só não

o fizeram antes por não ter oportunidade, já que a ânsia é a mesma, de fazê-los sentir na pele o

que sentimos em diversas partes de nosso já corroído pelo tempo, Corpo. Corpo este calejado,

humilhado, ofendido e ignorado por aqueles que deveriam cuidar do mesmo com o maior respeito

e admiração. Admiração sim, pois foi este corpo que lutou contra idéias contrárias, para que

tivessem êxito no pleito. Estão revoltados? Isso não me preocupa nem um pouco, não me ofereci

e nem fui brigado a estar aqui, fui convidado e o tema era livre, assim como é livre a minha

vontade de externar todo o enjoo sentido quanto estou vendo-os, portanto engulam pelo menos

um naco do que há anos estamos engolindo, tapeação em cima de tapeação.

Poderia ficar meses aqui despejando tudo o que meu estômago rejeita, mas que as vezes

tem que digerir, mas o meu tempo é precioso demais para tentar desperdiçá-lo com mentes tão

vazias, vazias em relação a nós, porque quando se trata de alimentar suas contas bancárias, estas

são cheias de idéias, estapafúrdias, mas idéias. Vou embora, mas eu volto, voltarei para cobrar

o resultado deste desabafo. Um até uma outra oportunidade. Lázaro.

ChangCheng
Enviado por ChangCheng em 30/04/2009
Reeditado em 30/04/2009
Código do texto: T1568091
Classificação de conteúdo: seguro