O FILHOS QUE CRESCEM...MAS NÃO CRESCEM!
*"Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado prá nós
Que somos jovens..."
As gerações passam, a Terra gira, os cenários mudam ,as filas andam... porém na história da humanidade, o conflito de gerações entre pais e filhos permanece o mesmo, apenas instigado pelas constantes mudanças sociais.
Jornais e revistas de grande circulação, artigos científicos e a própria ARTE, como ilustrei em epígrafe, já discutiram e discutem frequentemente a tal questão, em suma, da grande dificuldade do exercício da arte de se ser pais, principalmente num mundo de tantas aparentes facilidades como é o de hoje!
Recentemente a revista VEJA nos mostrou uma reportagem sobre a força da deliberação do jovem adolescente no funcionamento familiar,é não é infrequente pais totalmente reféns das vontades ilimitadas, desagregadas e insaciáveis dos filhos, perguntando a si e aos profissionais das áreas humanas aonde foi que erraram.
E o fato é que erramos,todos, sem distinção... e sempre, porque faz parte do tal exercício de educar, e da arte de viver, a possibilidade dos erros. Porém, em tempo não hábil, aprender como os nossos equívocos não evita as precipitações de situações de difícil resolução que tendem a se perpetuarem.
Lembro-me que certa vez eu ganhei duma amiga, um desses livretos de bolso comprado numa instituição religiosa, entitulado "A CRIANÇA VOLUNTARIOSA", cuja autora que não me recordo era uma educadora americana.
Dele pude extrair lições maravilhosas de como uma criança voluntariosa pode evoluir para um adolescente voluntarioso, sem limites de si e do entorno dos outros, inclusive do espaço dos próprios pais.
E aqui eu gostaria de ir mais adiante:Veio-me uma dedução baseada num ensinamento do pensador Arthur Schopenhauer , que afirma que o grande problema da evolução do tudo, é que "o gatinhho vira gato", e eu faço uma dedução futurística: E o gato poderá virar um gatuno na acepção mais trágica da transformação dum caráter, quando não lapidado a tempo de perceber que o mundo não gira em torno das vontades próprias.
E a dificuldade de se educar, amplia-se no mundo de hoje, que globalizado pela mídia, invade e transforma a toque de caixa, os valores adquiridos na famíla e sedimentados no âmago duma determinada sociedade.
A magnânima novelista Glória Peres, nos mostra muito bem esse fenômeno na sua bela obra "Caminho da Índias".
Ultimamente tenho percebido um movimento social interessante, quase uma transformação antropológica no seio das famílias.
Os filhos crescem.
Muito bem, essa é uma constatação que nos parece óbvia.
Porém , esse "crescer" de hoje pendula entre um intenso conflito de interresses e necessidades mais prementes dos filhos e a expectativa ansiosa dos pais.
Sempre queremos o melhor para os nosos filhos,e este é o grande álibi para os nossos possíveis equívocos.
Os jovens de hoje, principalmente os da classe média, geralmente moram e são financiados pelos pais até o término da faculdade, isso quando terminam a faculdade que iniciaram, porém, a despeito dos diplomas de nível superior em mãos, essa geração tende a sair mais tarde da casa , movida por várias dificuldades que encenam no atual mercado de trabalho, reduzido inclusive pelo panorama financeiro dos dias de hoje, e ancorada nas facilidades que o meio familiar lhes promovem.
Outro dia conversava com uma balzaquiana "menina-mulher" já profissionalizada, que angustiada me contava que seu namorado, recém desempregado, morava com ela, também desempregada...na casa dos pais dela.
"Gosto de ajudar as pessoas" me dizia ela. "Ele precisa de mim".
Mas naquele "mim", na verdade existia um "nós", representado pelo provedor da família E DE TODA A SUA INFRAESTRUTURA.
Um movimento interessante é que os jovens sentem uma necessidade angustiante de serem adultos, e com vida de adultos!- mas percebem que não cresceram o suficiente para assumirem a liberdade das próprias vidas, aquela liberdade que exige e cobra responsabilidades mil, a mesma que a vida ainda EXIGE de seus pais.
Falta-lhes o amadurecimento e a segurança financeira para construírem a sua própria história de adultos.
Penso que na nossa geração o movimento de separação era mais fácil e menos conflitante , embora o mundo fosse menos globalizado, menos convidativo e menos competitivo.
E o interressante é que muitos pais têm como normal a permanência dos filhos em casa, e os assumem compromissadamente a eles, bem como aos seus "agregados".
Afinal, ser pais é ajudar a humanidade, acho que é o que pensam os filhos "adultos" de hoje.
Enfim, lanço o questionamento aos pais que me lêem.
Filhos que crescem...mas não crescem tanto.
O que de fato tem crescido é o tamanho do que se identifica como a família moderna.
Filhos, pais, e suas histórias unidas pela insegurança dos tempos.
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Hoje eu sei
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando vil metal...
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Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como (E COM!) os nossos pais...
Nota:
(esse "como" é que eu aqui coloco em discussão.)
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Trechos da letra "COMO OS NOSSOS PAIS"
De Belchior