Cultura Surda

Durante muito tempo os surdos como outras pessoas com necessidades educacionais especiais foram deixados à margem da sociedade.

Crianças surdas quando tinham oportunidade de se alfabetizarem, se deparavam com enormes dificuldades, uma vez que ao não escutar os sons do mundo, precisavam se adaptar ao novo ambiente escolar, saindo do ninho protetor da família, e lançando-se ao mundo que a eles se apresentava com obstáculos ainda maiores que a nós ouvintes. Quebrar as barreiras e lançar-se igualmente era a necessidade primeira.

Em primeiro momento, aprenderam a se adaptar à leitura labial e dela traçar formas de comunicação verbal surda – sem som, mas com distinção de informações que assim eram adaptadas e por vezes apreendidas. Assim, crianças surdas se adaptavam à nova realidade a ser vivenciada, e começavam a se lançar rumo a um futuro autônomo.

Todas as crianças, independente de suas necessidades educacionais precisam ser educadas para uma vida autônoma, e as crianças com necessidades educacionais especiais, necessitam de maiores preparos para alcançarem sua autonomia.

Com o passar do tempo e com o advento da inclusão social, todas as crianças passaram a ter acesso à escolas regulares, e não precisavam mais se fechar dentro dos muros das escolas específicas- segregadoras.

Novas fórmulas para o convívio com toda sorte de diversidade foram surgindo e as adaptações tornaram-se emergentes.

Cada diversidade demanda de adaptações específicas, no caso particular de alunos surdos, a leitura labial não mais dava conta das necessidades apresentadas, uma vez que muito mais os surdo entendia do que as pessoas que com ele se comunicava, portanto havia uma lacuna a ser preenchida, uma cisão, uma ruptura na comunicação.

Diante das necessidades emergenciais, e da cisão que sempre se interpôs entre ouvintes e surdos, a solução ou possível solução para a fluência da comunicação se apresentou pela LIBRAS – Língua Brasileira do Sinais. É importante ressaltar que nossa linguagem dos sinais foi importada da França e aqui sofreu e sofre suas modificações que se adaptam regionalmente.

Assim, poderia-se vislumbrar um futuro promissor a todas as pessoas suras. Mas, nossa realidade apresenta-se por outra face. Durante muitos anos, a educação por libras era proibida dentro das escolas, precisando com isso que crianças surdas perdessem suas identidades oprimindo-se diante do sistema que versava a exclusão ainda que mascarada.

Pouco a pouco as fronteiras que separavam as crianças da LiBRAS que facilitaria, que promoveria a inclusão e o respeito às diferenças foi-se encurtando.

Hoje, a LIBRAS é a linguagem oficial da comunidade surda, é sua marca, sua identidade e passaporte ao mundo de oportunidades que a todos se apresenta de igual maneira.

É preciso, entretanto, demarcar que, muito ainda há por ser feito, uma vez que se não houver a união de forças entre família e escola muito pouco poderá ser feito.

O surdo precisa ser aceito de igual maneira pela família em primeiro tempo, que a ele deve garantir oportunidades e dar-lhes condições de convívio social.

E, a sociedade deve conscientizar-se das possibilidades que se apresentam pelas diferenças, e se permitir a aprender com os novos caminhos.

Importante ressaltar ainda , que, existe uma grande defasagem de profissionais da educação que se dispõem a se preparar para enfrentar esse desafio e abraçar essa causa; e não podemos nos omitir à nossa responsabilidade como formadores sociais, e, precisamos nos atentar que somos apenas um grão de areia e muito ainda há por ser feito. Nossas crianças surdas precisam e têm o direito à igualdade e, somos nós educadores o fio condutor dessa mensagem inclusivista.