CONJECTURAS
Meu conto não é você. Nem sequer sou mais eu. E esse maldito acordo ortográfico me faz sentir mais burro. Não vem ao caso. Sou eu quem fala, a história é minha. Apenas ando pensando... Ando me lembrando de coisas que há muito não me incomodavam mais e me deixavam viver em paz. Não as coisas ruins, essas são cicatrizes amigas que me fazem tanto mal como um cigarro companheiro. E esses males da vida não nossos irmão, aqueles desgraçados que vivem a incomodar, mas que, por alguma razão desconhecida pela maioria de nós, fazem a vida ter um sentido magnífico. O caso é que estas lembranças andam me perseguindo de forma inexorável.
Imagino a cena e antevejo o resultado. Nós dois, duas almas errantes se esbarrando por capricho de uma força oculta. Conversamos. Saímos. Tomamos um trago. Daí a pouco, depois de um beijo, confesso sinceramente que estou apaixonado. Confesso meio embaraçado que essa neblina me lembra um país que nunca conheci e ela me faz pensar em você. Ainda, que eu sempre estive ali esperando por esse tapa barulhento.
Depois, a paixão se esvai por entre dedos trêmulos e tudo se transforma numa eterna chatice. Tudo que antes era tão pitoresco acaba em rascunhos mal acabados. E novamente eu faria promessa nunca cumprida de encerrar meus dias de amante, enclausurando-me num fim de mundo qualquer, vivendo entre animais e plantas.
Diriam os otimistas, é uma fase. Os pessimistas, o fim. Eu mesmo os mandaria voltar para o buraco de rato de onde saíram.
Estas conseqüências desastrosas são apenas efeito colateral e estão para as atitudes tomadas assim como a cirrose para a cerveja, o câncer para o cigarro e a loucura para o amor.
O que fazer? Desistir, ainda não! É cedo e não passa das dez!