Um dia...

Tô precisando me apaixonar novamente. Nem que seja por um

boneco inflável ou um joão-bobo... é que as não doações se

acumulam e uma hora, me explodem...

Muita vontade de ter a disposição dos vinte, trinta, até

dos quarenta e juntar numa mochila, pentes, óculos, alguns

livros de Vinícius, algumas fotos e sair em busca daqueles

sonhos que eram perfeitos, lindos e tão próximos que eu podia

inclusive sentir a textura. Mas não faço nada disto.

Fico a ouvir músicas que meus pais já ouviam e que hoje, são

clássicos. Mas isto é necessário. É como se eu trouxesse a

minha própria alma para o meu corpo. Porque ela é alada.

E muitas vezes sai em busca do infinito: me acena um adeus e

sorri um até-logo. Sento e espero. Às vezes, durmo e espero.

Sei que volta. Ela não tem idade. Tem o ímpeto da juventude.

Então, é incansável e imprevisível. Sempre volta. E é claro

que agradeço por isto. Afinal não vasculhei ainda este mundão

de Deus da forma que tanto desejo. Preciso ter tempo para

retirar o pó e o bolor dos ressentimentos e compor uma ode

ao amor.

Amor. Complicado demais e no entanto é rima para esplendor!

complicado demais...

Mas fico aqui dando voltas e mais voltas...

Ontem eu pensei. Hoje e amanhã fico no aguardo.

Quero um pedaço de mar dentro dos olhos, um som de ondas

quebrando na praia, dentro dos ouvidos. Quero uma fatia

de lua. Quero um motivo para sonhar. Só um.

Mas que seja um motivo que valha a pena toda a expectativa da

espera. Também já fui probabilidade. Já fui estimativa, já

fui,inclusive, ocorrência. Por isto, fico no aguardo. Não é

possível que tudo vire fumaça. Se virar, onde anda o fogo?

Ah! que adormeço e não descubro onde estão os deuses que

embaralharam os fios na vã tentativa de me prenderem à

realidade. Minha órbita é outra. Ainda me acho.