Reação - ensaio
Estava escutando hoje (12/03/09) o Boechat na Bandnews FM, quando ele tocou em um ponto muito interessante que irei abordar agora: a reação! Na reportagem eram apontados os absurdos que os políticos praticavam e, com destaque, o escândalo mais novo, o pagamento dos seis milhões de reais em horas extras no Senado. Aqui irei me ater a este tópico, contudo desde já te convido a refletir sobre as suas reações nas varias esferas da sua vida.
Parei e perguntei-me, então: por quê? O que nos falta para reagir? O que nos falta para agir como a população da Argentina, por exemplo, que foi às ruas e fez seu “panelaço”? O que nos difere dos Países Europeus aonde, por muito menos, gestores públicos pedem suas exonerações (ou qualquer coisa que o valha) dos seus cargos? Agora mesmo, neste caos econômico que vivemos, o que nós, população, fazemos contra aqueles que apostaram alto (e muito alto) com o nosso dinheiro? Pois é....estes são os temas que tentarei abordar neste novo pequeno ensaio, para que assim, dentro da minha pequenez, faça algo e, espero, suscite outros a fazerem algo também.
Há um tempo, escutei na CBN uma entrevista do Sidney Resende com um vereador da cidade do Rio de Janeiro, quando, quase no final da entrevista, depois de ter sido muito pressionado pelo repórter, este vereador soltou a seguinte frase: “os políticos são o reflexo da população que os elegeu”. Caramba...confesso que isto me fez parar para pensar, pois no momento da declaração não concordei muito, contudo hoje concordo em gênero, número e grau com este vereador, pois somos nós que votamos “nestes” que hoje nos “representam”. Guardei esta frase como lema! Então, posto que somos nós os “chefes dos eleitos”, por que não fazemos nada contra eles? Por que aceitamos quase que passivamente todo este lodo? Por que não reagimos? Confesso que não sei! Baixa autoestima, talvez! Preguiça, talvez! Falta de confiança em nós próprios, talvez! Falta de esperança, talvez! Medo de sermos mortos, perdermos nossa vida, talvez! Interesses particulares, talvez! Problemas particulares em outras esferas, talvez! Tudo isto junto, muito provavelmente!
Acredito, em puro “achismo”, que a mudança desta situação passa, irremediavelmente, por 3 pontos: primeiro e mais importante, a conscientização de que podemos e devemos mudar, saindo deste modelo dominador-dominado (ou a sociedade do “quem manda”,“quem controla”, “quem tem as informações privilegiadas”, do “querer se dar bem a qualquer preço”) e migrando para outro aonde a consciência de que todos temos o direito de viver com dignidade neste mundo seja uma unanimidade – pode ser utopia minha, talvez, contudo é o que penso e é o que procuro fazer dentro daquilo que posso; segundo, o estudo, para podermos pensar e avaliar melhor e não nos prestarmos a ser massa de manobra destes gigantes que nos manipulam; e, terceiro, a ajuda mútua, cabendo aos que “mais podem” levar aos que “menos podem” informação, conhecimento e ajuda no sentido de informá-los, pois quem realmente decide uma eleição são as classes D e E que, infelizmente, vendem seus votos à troco de R$50,00. Se algum leitor(a) acho isto que apontei um absurdo e que não existe, convido-te a conversar com um morador da Baixada Fluminense aqui no RJ e você verá que isto é uma realidade que assola muita gente, pelo Brasil à fora.
Acredito que, se não mudarmos, continuaremos a, todos os dias, escutar notícias envolvendo políticos nas mais diversas situações que indicam a participação em fraudes e roubo ao erário (6 milhões de reais pagos em horas extras...fala sério né?!?!?!). Passivamente aceitaremos isto tudo e nada, absolutamente nada, será feito por nós contra isto. Diariamente viveremos situações aonde nossa estima é agredida, roubada, cerceada por aqueles que nos governam e nada, absolutamente nada, faremos contra isto. Até mesmo quando uma grande empresa pratica um ato contra nós – por exemplo, a qualidade da telefonia celular aqui no Brasil – novamente pergunto, o que fazemos contra isto... respondo: nada, absolutamente nada!!!! Nem ir ao procom muitas vezes vamos e, pior ainda, corremos o risco de escutar a solene frase: “Ah! Não tem jeito mesmo”.
Outro ponto que acho importante abordar é a falta de capacidade de alguns que são eleitos para ocuparem os cargos que ocupam. Sem qualquer tipo de discriminação, reflitam, é possível que uma pessoa que mal sabe ler seja o responsável pela elaboração e aprovação das leis que nos governam? Ou ainda, alguém com segundo grau completo está apto a levar nas costas a responsabilidade de gerir muitos milhões de reais, nossos impostos, que estarão ao alcance da sua assinatura? Ou ainda, alguém, independente da formação, com um passado péssimo, terá idoneidade para não sucumbir perante o “canto da sereia” daqueles que desejam roubar o dinheiro da população? Acho que a resposta para todas estas perguntas é “não”; em minha opinião, “político” é um emprego como qualquer outro que deveria ter critérios para aprovação, como qualquer outro serviço tem. As responsabilidades que um político tem são grandes demais e não podem ser assumidas por inaptos ou incapazes. Sei que culturalmente estamos muito longe da Europa, mas podemos e devemos aprender com o exemplo deles. Lá também tem corrupção e coisas erradas, eu sei, mas, respondam, como vivem os europeus? Em contrapartida, como nós vivemos?
Acho, novamente na minha modesta opinião, que cada um de nós deve servir como multiplicador de idéias. Suscitar debates, conversas entre amigos. Parar de tratar política como algo sujo e impuro e sim como fator que faz parte das nossas vidas, do nosso cotidiano e, por isto, afeta substancialmente a vida de todos, sendo assim importantíssima a reflexão a respeito. Querendo ou não TODOS NÓS dependemos daquilo que os políticos fazem...não tem jeito ( e aqui, não tem jeito mesmo, haja vista que foi o regime e o sistema de governo que escolhemos e que, na minha opinião, são os melhores). Devemos e podemos discutir política abertamente, colocar e trocar idéias. Crescer!!!! Pois, só assim, iremos de maneira adulta e consciente votar, escolher com responsabilidade, critério e de maneira fundamentada aqueles que irão nos governar! Como está escrito na nossa constituição “o poder é do povo, emana do povo e é para o povo”. A propósito, você já leu alguma vez na vida a Constituição da República Federativa do Brasil? Você sabe que livro é este?
Bancos! Ah! Fiel mantenedor das nossas parcas economias. Veias por onde flui o crescimento econômico e agente financiador do crescimento. Concordo! O atual sistema bancário e o modelo econômico adotado aqui no Brasil preconizam isto e, obedecendo a Keynes, o crescimento do PIB ( = C + I + G + X – M, aonde C é o consumo das famílias, I são os investimentos privados, G são os gastos do Governo, M são as importações e X são as exportações) depende do crédito, logo as instituições bancárias e sua mecânica são fundamentais. Contudo, lembro-me de um amigo que contava a seguinte piada: “qual o primeiro melhor negócio no Brasil? Resposta: ter um banco bem administrado; qual o segundo melhor negócio no Brasil? Ter um banco mal administrado”; logo, ser sócio de um banco é sempre ótimo, pois, vejam os lucros astronômicos que todas as instituições bancárias anunciam. Daí, respondam, precisa de tanta ganância? Precisam fazer as apostas que os bancos fazem com o nosso dinheiro? Há necessidade do “spread”(diferença entre os juros que os bancos pagam e os juros que nos é cobrado) que os bancos praticam? Novamente, acredito que a resposta seja “não”. Aí, caímos de novo na primeira pergunta minha, cadê nossa reação? Confesso, de novo, que não sei!
Bem...registro aqui minha indignação perante isto tudo e, espero, possa ter acordado (ou acentuado) a indignação de mais gente para que juntos possamos fazer algo, sempre de maneira pacífica, regrada, inteligente e ordenada. Acho que a reação pode (e deve) vir por outros meios, praticando a caridade, por exemplo, e lembrem-se: ano que vem é ano eleitoral! É a nossa chance de expurgar aqueles que nada fizeram e dar chance a gente nova, para , quem sabe, renasça a esperança de um futuro digno para todos.
Fique com Deus. Mais uma vez, obrigado.