A nós: as fantásticas!

Hoje recebi uma mensagem de texto desejando-me antecipadamente um feliz Dia Internacional da Mulher. O título do texto era: À mulher fantástica. Ele contava a rotina de um casal antes de dormir. A mulher levantava e dizia: Vou dormir. Mas até chegar na cama fazia uma verdadeira maratona. O homem dizia: vou dormir. Levanta-se e só escova os dentes, isso se já não o havia feito em algum intervalo comercial...

A isso o autor nos chamou de fantásticas. É fantástico algo que foi passado de geração em geração. É fantástico o hábito?

Conheci uma amiga cujos pais tinham comportamento contrário, quem fechava as portas, levava o cachorro pra fora, apagava as luzes, ligava o alarme, era o pai. Isso sim era fantástico! Afinal numa cultura machista, o compartilhar tarefas ditas femininas era surpreendentemente fantástico. Com o feminismo e a educação de filhos por mães feministas isso mudou muito.

Fica a pergunta: somos de fato fantásticas? Imediatamente imagino um dedinho na multidão levantando-se rapidamente: Sim! Somos nós que proporcionamos a luz a outros seres humanos. Somos mães!

Tudo bem, é divino ser mãe. Sou mãe de duas formas diferentes: biológica e adotiva. Amo meus dois filhos de maneiras iguais e incondicional, entretanto isso não me faz ser fantástica. É só uma questão de lógica: pura perpetuação da espécie, doação, amor.

Alguém ainda arrisca mais uma tentativa de defesa pra qualidade fantástica: Somos capazes de amar incondicionalmente. Perfeito. Entretanto, também seja raro, já conheci homens com a mesma capacidade. Está certo que em proporção menor... No entanto, vemos a cada dia menos mulheres amando incondicionalmente e mais homens aprendendo essa arte.

Poderíamos fazer milhões de argumentações em defesa dessa mulher fantástica que a sociedade machista e capitalista quer nos enquadrar. Todas elas com segundas, terceiras, quartas intenções...

Aí, olho pra história e ... somos de fato fantásticas! Desde a criação estamos na sombra do homem. Fomos feitas depois do homem; éramos arrastadas pelos cabelos na pré-história; vivíamos e algumas ainda vivem em haréns; fomos e ainda somos usadas e exploradas sexualmente; fomos feitas como fábricas de filhos para alimentar a ambição, o egoísmo da sociedade; fomos e somos ingênuas ainda caindo na exploração do capitalismo pelo corpo perfeito... porém, com toda essa história nos ombros, ainda temos força pra lutar pela igualdade! Ainda brigamos por salários iguais, profissões sem discriminação sexual, sonhamos com nossos parceiros participando como igual na constituição da família. E ainda por cima o mais fantástico de tudo: “Endurecemos, sem perder a ternura”!

A nós, as fantásticas: À luta companheiras! (07/03/09)

Darlene Polimene Caires
Enviado por Darlene Polimene Caires em 07/03/2009
Reeditado em 07/03/2009
Código do texto: T1473731
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