Na natureza Selvagem (04/03/2009)

Certo dia, tentei baixar um filme que muito me interessei pelo título: Na natureza Selvagem. Eu amo a natureza e qto mais selvagem e primitiva, mais me fascina. Não consegui baixar o filme e desisti. Domingo ao chegar de minha irmã, liguei o 61 da net, que estava aberto e tive a feliz surpresa de estar diante do filme, mesmo que começado.

De repente, vi-me presa na tela, estava estampada ali minha alma, meus sonhos e sentimentos mais escondidos, mais sufocados. Senti-me invadida, violada. Não conseguia quase nem respirar. Só pra se ter uma idéia, o maior sonho do autor/personagem era conhecer o Alaska, o que ele chamava de natureza selvagem, como eu. Em momento nenhum ele falou de Aurora Boreal, nada. Mas ele queria sentir-se parte dessa natureza que ele traduzia como pura liberdade, pura beleza.

O desenrolar do filme, foi bastante provocante. Não sei se quero contar o filme, mas sei que foi intenso, terno, de troca com muitas pessoas encontradas pelo caminho, muitas lições sobre desapego, preconceitos, diversidades e muita , muita solidariedade por quem o conheceu e percebeu que esse era o seu caminho. Eu diria que foram anjos colocados dando oportunidades pra que ele conseguisse fazer suas escolhas.

Nesse diário, o autor estava se embasando em alguns escritores, e carregava consigo esses textos e vivia lendo-os.Eram de uma filosofia de vida bem profunda, quase "schopenhaueriana" em relação à sociedade. Só que o autor/personagem tinha um sonho, voltar e publicar esse diário pra poder despertar a humanidade sobre o que era essa sociedade em que vivemos e fazer uma ponte com a natureza Selvagem.

Ao terminar o filme fiquei com a nítida sensação de que havia sido atropelada. Só não sabia pelo quê. Saí da frente da tv sem pensar, sem sentir, sem sequer saber quem eu era e onde estava... Eu estava em transe, chocada, sei lá.

Vim pro computador e não conseguia fazer nada, nem jogar. Voltei pra telinha e nada como Faustão pra te alienar de vez. Fiquei ali, sentada sem ver ou apreender nada, só o barulho da voz e do programa. Fiquei sentada até terminar o BBB... Fui dormir com a sensação de torpor, de não estar ali... Dá pra perceber que tive uma péssima noite, né?

No dia seguinte levantei-me meio deprimida e resolvi tentar baixar o filme. Eu precisava assistí-lo de novo pra poder entender o que estava pegando.

Levou dois dias, mas consegui terminar o download ontem à meia noite.Comecei a assistir o filme pra ver o que havia perdido e percebi que da história quase nada, mas de imagens... O início do filme é a chegada dele ao Alaska, a descoberta do que ele chamou de ônibus mágico e imagens e mais imagens do lugar onde acamparia. Simplesmente deslumbrantes e aterrorizantes de tamanha infinitude e brancura.

De repente, como uma aurora boreal no horizonte, eu entendi o que havia acontecido comigo... descobri a jamanta vindo em minha direção...

A vida é feita de escolhas. Até aí nenhuma novidade. O problema é que ao fazermos uma escolha, esperamos uma reposta que nem sempre é a consequência necessária pra essa escolha. Quase sempre nos sentimos traídos pelo destino, pelas pessoas, pela vida, por Deus. Por mais racionais que a gente tenta ser, não temos garantias de conseguir o que queremos e isso dói, dói muito.A falta de garantias, de certezas muitas vezes nos leva ao desalento, à depressão, qdo não nos leva aos piores caminhos de auto destruição. Mas a gente continua ali, teimando, batendo o pé como criança mimada: Eu quero! Eu vou! Eu consigo!

Muitas vezes são colocados verdadeiros anjos em nossos caminhos. Eles estão equipados de intuição e experiência, mas a gente olha e diz: Não. Da minha vida cuido eu! Na minha vida eu escolho!

Às vezes , a vida torna-se boazinha, isso é raro e coloca outros anjos pra nos acompanhar, pra que cuidemos, pra que troquemos, até mesmo pra nos atordoar e desviar-nos da destruição. Mas não, a gente está ali, fincado em teimosia com um coqueiro no meio do deserto de areia: ereto,inflexível,sozinho.

E a vida continua colocando obstáculos, pontes, trilhas, flores, tempestades e nós ali, imutáveis, parafraseando um político brasileiro: "imexíveis".

O que estamos fazendo de nossas vidas? Até qdo vamos continuar puxando o elástico que nos prende à vida pra testar a nossa resistência? É preciso ir ao Alaska?

Não a natureza selvagem está dentro de nós, bem como os dois lobos que habitam essa natureza: o selvagem e o domesticado. E sabemos lá no nosso íntimo que vai sobreviver aquele que alimentarmos...

Darlene Polimene Caires
Enviado por Darlene Polimene Caires em 05/03/2009
Código do texto: T1471247
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