Amor nos tempos da carência afetiva
Por que as pessoas trocam de amores? Por que as pessoas desperdiçam seus amores? Por que as pessoas não valorizam quem pode realmente lhe dar amor?
Me coloco nesse meio também. Quantas vezes desperdicei quem poderia me amar como eu sonhava? E quantas vezes fui desperdiçado?
Acredito que fui desperdiçado duas vezes. E foi difícil, sempre é. Mas, estupidamente, desperdicei mais vezes. Como se eu tivesse "cacife" para tal. Coitado de mim, mendigando amor em cada esquina, e deixando pessoas pelo meu caminho, às vezes trocando uma certeza por expectativas que não se concretizam. Me iludindo. E às vezes por anos a fio.
Fico pensando nessas pessoas que saem constantemente à procura de "amor", ou que na verdade querem apenas guardar uma sensação que, por definição, é momentânea. Fico pensando em mim quando pensei poder me satisfazer com o mesmo. Fico pensando na perda que é largar um amor, ou não cuidar dele. Ou pior, penso nas pessoas que têm uma relação e a deixam de lado para mergulharem num mundo de paixões desenfreadas, múltiplas companhias, sensações extasiantes. Completamente alheias ao que realmente vale na nossa existência.
Nessa hora penso em mim, que não fiz a minha parte no que poderia ter sido algo melhor. Também penso em mim, quando me vejo triste só por estar sozinho, e acabo levado à procura de sensações também. Penso por outro lado na graça de não ter me perdido totalmente, de pelo menos ter consciência e de não ter me jogado de cabeça em sensações que não vão me levar a nada.
Fico pensando aqui, sozinho de madrugada a algumas horas de um dia de trabalho, em como seria se tivesse o apoio de alguém amoroso, se tivesse essa pessoa ao meu lado, como já tive, e como já tive amor nesse tempo. Como seria diferente para mim. Como seria bom. Aos 26 anos, às vésperas dos 27, me vejo desejando ter novamente alguém especial nessa vida, alguém que me entenda e me apóie como tive a dádiva de ter há algum tempo. E que fui desperdiçado, ainda que tenha contribuído para tal.
Penso que, se Deus julgar mais certo a minha solidão, devo eu aceitá-la como bênção e como lição para a vida eterna. Mas ainda, no fundo do coração, desejo a companhia certa para esta existência.
Do fundo do meu coração, meu Deus.
E que assim seja.