CAPITÃO JOÃO PEDRO - Comentários ao livro de Edízio Rodrigues Mendonça
CAPITÃO JOÃO PEDRO
Ricardo De Benedictis
O escritor, historiador e poeta Edízio Rodrigues Mendonça, brinda-nos com um exemplar do seu livro CAPITÃO JOÃO PEDRO, uma obra de rara felicidade onde o autor resgata para a posteridade, não só o modus vivendi dos habitantes da Chapada Diamantina, suas constantes lutas armadas – visando a defesa do seu patrimônio, bem como a constância desses embates visando o poder político regional.
Edízio Rodrigues Mendonça, já na apresentação da obra, á página 7, deixa a essência da sua obra em um parágrafo, no qual diz, textualmente:
“ Na primeira República (1889/1930), as oligarquias regionais dominantes no Sertão da Bahia viviam em permanentes combates sangrentos, onde eram assassinadas dezenas de pessoas, que faziam parte dos exércitos particulares dos chefes sertanejos”. Ele refere-se aos ‘chefes políticos’ que comandavam povoados, municípios e até regiões extensas do sertão, protegidos por outros tantos chefes políticos de outras regiões que lhes apoiavam quando requisitados, e vice-versa, a depender do seu engajamento na política praticada na capital da Bahia.
O Capitão João Pedro de Souza Santos, que dá título a esta obra, era neto do chefe político José Pedro de Souza Santos, antigo chefe de Cercado e ex-Intendente (prefeito) de Campestre, atual município de Seabra. À sua época, o Capitão João Pedro, seus tios, primos e outros parentes constituíam o Estado Maior do Cel. Manoel Fabrício de Oliveira, então Chefe político de Campestre (Seabra), como descreve magistralmente o autor.
Neste livro, como nos demais que Edízio tem trazido à luz, vemos material abundante para a realização de romances, novelas pára TV e filmes. Sugerimos ao governo da Bahia, em especial à Secretaria da Cultura e Turismo que ofereça incentivos para que escritores, diretores de novela e cineastas se debrucem sobre a história jagunça da Chapada Diamantina e traga ao conhecimento do país e do mundo as belas histórias contidas na vida pregressa desse povo valente e ao mesmo tempo, ordeiro, que, se bem exploradas, poderiam trazer dividendos turísticos à região, apesar do turismo vir aos poucos, pelas belezas naturais da região – com suas grutas, quedas d’água, canyons, trilhas e clima diversificado, atraindo a visita de muitos turistas, na maioria de outros estados e de outros países.
Os embates entre ‘Mosquitos’ do Capitão João Pedro, Cel. Militão Coelho e tantos outros, bem como dos ‘Mandiocas’ do Cel. Horácio de Matos, merecem vez por outra, abordagens em livros que ficaram famosos, a exemplo de ‘Jagunços e Heróis’ – de Walfrido Moraes e ‘O Coronel Militão Coelho’ do próprio Edízio Rodrigues Mendonça, entre tantos que falam dos seus líderes do passado, com a verdade histórica baseada em pesquisas isentas e bem planejadas. Que outros escritores possam estudar tais fenômenos sociais sob a ótica científica e que outros possam fazê-lo apenas como registro histórico ou mesmo ficção baseada em fatos reais. Assim ganharíamos todos os leitores e os amantes das letras em geral, bem como a própria ‘memória’ da Terra Brasilis.
Por fim, agradeço ao prezado amigo, confrade acadêmico e grande escritor, Edízio Rodrigues Mendonça que, com o caráter que herdou dos seus ancestrais de Barra do Mendes, em suas notas bibliográficas lembrou-se de citar o livro ‘A Bahia de Hoje’ e a revista ‘Atualidades’, ambos de minha autoria, segundo ele, contribuições que lhe ajudaram nas pesquisas que redundaram na feitura de seu belo e tão rico trabalho.