A Capacidade de Nossa Juventude
Todo ser humano tem a capacidade de desenvolver e reproduzir as maiores virtudes, e os piores males. Vigotsky estava certo quando nos ensina que não existe uma Natureza Humana, mas antes, uma Condição Humana. De fato, não nascemos seres humanos, e, sim, aprendemos a ser humanos.
O nosso caráter, a nossa personalidade, nossas atitudes, nossas reações, são produto do meio em que vivemos. É por isso que toda e qualquer pessoa tem a condição universal de desenvolver e reproduzir por completo toda a sua capacidade, tanto para o bem como para o mal. Quando o meio social proporciona ao indivíduo estímulos para o desenvolvimento produtivo e construtivo de seu caráter os resultados são positivos e contagiantes.
A verdadeira revolução social, assim, não se encontra necessariamente em alguma forma de governo específica, entretanto, é na construção de uma estrutura saudável, que promova ao indivíduo o desenvolvimento de suas habilidades positivas, que veremos os resultados de uma comunidade melhor.
Que estrutura estamos construindo para nossas crianças e adolescentes de hoje? Quantos centros esportivos munidos de atividades e quantas praças de lazer os bairros mais carentes possuem? Quantos cursos gratuitos profissionalizantes são ministrados para adolescentes, por ano? Estejamos certos de que se não buscarmos a promoção das condições virtuosas inerentes de cada um deles, através de projetos mais sólidos nas áreas de esporte, saúde, educação e investimento profissionalizante, estaremos permitindo que essas mesmas crianças e adolescentes busquem o desenvolvimento de suas capacidades por conta própria, levando-as à falta de alternativas construtivas, cujo fim todos nós já conhecemos.
Acredito, por isso, que é possível promovermos aos adultos de amanhã condições que lhes sejam favoráveis ao desenvolvimento de suas capacidades positivas, inclusive com os instrumentos e estrutura que temos atualmente em nossa rede de proteção especial. Basta formularmos projetos cada vez mais sólidos, com resultados a médio e longo prazos, auto-sustentáveis, que promovam, além da cidadania e garantia dos direitos sociais, uma garantia dos direitos políticos, de uma consciência crítica da realidade, progressista e revolucionária, para um fim real comum: uma sociedade mais justa, consciente, madura e revolucionária.