FIRST THE MEAT, AFTER THE PUDDING: Analogia entre a música Another brick in the wall e as idéia suscitadas pela leitura dos parâmetros curriculares nacionais
A atemporal composição musical "Another brick in the wall" de Pink Floyd impressionara o mundo ao incomodar e questionar a tradicional tríade das instituições capitalistas: religião, família e educação. Mas do que um exemplo de profunda reflexão sobre a mascarada manipulação de outrem, "Another brick in the wall" constitui uma sublime crônica simbólica capaz de abarcar toda a problemática vivida, ou melhor, sofrida pelo Sistema Educacional Brasileiro durante várias décadas. Compreender, portanto, a amplitude de tal denúncia à luz dos Parâmetros Curriculares Nacionais fundamenta o assunto do presente estudo.
Sabe-se que por incontáveis décadas educar pertencia à série sinonímica de repasse cognitivo. Alimentar as mentes do alunado por meio da exposição de “dinas” informações constituía a vértebra mestre das escolas à tradicional e à tecnicista que deviam, por excelência, fazer com que os alunos não tivessem o trabalho de pensar, pois, pensar era uma ocupação dos mestres, e não de seres “tábuas rasas”, como diria Descartes.
Consequentemente, ao alunado era vetado o prazer de degustar do universo cognitivo, pois acreditava-se que
If you don’t eat your meat, you can’t have any pudding.
(Another brick in the wall, Pink Floyd)
O sofrimento e sacrifício significava, nas perspetivas tradicional e tecnicista, a via única de apreender a sobremesa, ou melhor, a sabedoria. Sábios eram, pois, aqueles que tinham exorbitantes Q.Is. . Seres pensantes e reflexivos eram tidos como aberrações e vândalos dos padrões pré-impostos. Destarte, inúmeros brasileiros foram aleijados (e possivelmente algumas ainda sejam) por tais sistemas de desfragmentarão da essência humana.
Contudo, as Novas Leis de Diretrizes e Bases da Educação, juntamente, com os Parâmetros Curriculares Nacionais elaboraram uma proposta educacional que priorizava a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico, pois, perceberam e constataram que o distanciamento entre os conteúdos programáticos e a experiência do aluno era, indubitavelmente, um dos responsáveis pelo desinteresse e até mesmo pela deserção do mesmo.
We don’t need no education
We don’t need no thought control
( Another brick in the Wall, Pink Floyd)
Destarte, o currículo passou a contemplar conteúdos e estratégias de aprendizagem capazes de capacitar o aluno para a vida em sociedade, atividades prestativas e experiências subjetivas. Logo, invés de ser apenas um "Another brick in the wall", a educação passa a ser a ferramenta que possibilita cada ser construir ser próprio "Wall"l.
Paulatinamente, a escuridão sarcástica presente na sala de aula da composição em estudo vem sendo clarificada pelos saberes que visam desenvolver a curiosidade intelectual, estimular o senso crítico e permitir a compreensão do real, mediante a aquisição da autonomia na capacidade de discernir. Vê-se, pois, que não mais se propõe uma deglutição de "meat" anterior à "pudding"! Educar não é mais deixar uma
Memory Snapshot in the family album
( Another brick in the Wall, Pink Floyd)
Educar é, acima de tudo, rascunhar "unforgiven memories" no transcurso vital do aluno. Fazer com que o mesmo tenha constantes orgasmos cognitivos e que saiba, por si mesmo, como conciliar porções concomitantes de "meat" e "pudding". E por que não fazer uma sobremesa de carne! Que delícia!!!!!