House on Haunted Hill

Em House on Haunted Hill, do genial fazedor de happenings nas salas de exibição dos seus filmes, e diretor William Castle, Vincent Price (mais uma parceria que gera frutos, como Tim Burton/Jonny Deep no cinema ou Gerald Thomas/Marco Nanini em Circo de Rins e Fígados) é um milionário inteligente (auto) irônico e ciumento, que promove uma festa numa casa que ele aluga, dita mal assombrada, prometendo dez mil dólares a quem saísse vivo dela. Além disso, à meia-noite os portões serão trancados, e não existe como sair da casa.

Não não vamos pensar apenas no reality show, não vamos nem pensar em reality show, a idéia de reality show veio ofuscar o fato de passarmos por estas coisas diariamente. De nos envolvermos nos jogos dos mais poderosos constantemente. óbvio... 10 mil dólares, uma casa gigante... hum... bbb. Mas William Castle é inteligente, ele dava choque no público que assistia seus filmes no cinema. De um diretor que faz isso, só dá pra pensar uma coisa. Ele está querendo debochar de mim. Tem alguma coisa muito óbvia e eu não estou percebendo. Estão debochando de mim que eu sei.

Não... mas ninguém parece perceber. É tão entorpecente a chance de ganhar o prêmio com tão pouco tempo de esforço. É tão entorpecente a chance de provar que esta história de espíritos configura um quadro de histeria freudiano. É tão entorpecente a chance de ser uma mocinha para sempre. É tão entorpecente encher a cara de wiskie e acreditar nisso tudo. Isso tudo é tão entorpecente. E nós, que não estamos lá, vemos isso, e não nos assustamos com isso, pois hoje nada nos assusta. Há uma guerra transmitida ao vivo, na bbc, bbb, bang, caímos no poço de ácido. Uma caveira nos empurrou. Não... mas era um fantoche. Logo depois surge Vincent, com cordas nas mãos "você jogou muito bem, mas não percebeu que eu também estava jogando". Não nos assustamos. Somo esclarecidos demais para isso. No entanto não sabemos se Castle saberia que hoje House on Haunted Hill seria uma badtrip sobre a manipulação, ou se para sempre imaginou que viveria apenas assustando os outros, colocando caveiras de verdade nas salas de cinema, e a voz de Vincent Price explicando como funciona a energia do medo.

Trata-se realmente de uma grande ironia que em nada se relaciona com os reality shows, a não ser a estúpida relação que faz com uma realidade absurda. É uma ironia muito atual, uma proposta de jogo, que é um pretexto para um jogo que só diz respeito ao milionário que Vincent vive, ao marido que Vincent vive. E quando ele percebe tudo, quando seu intuito chega ao fim, percebemos isso só no final. O enredo? o jogo? o dinheiro? a caveira? o ácido? não se sabe... é melhor esquecer. sim é melhor esquecer tudo isso. o Vincent que tem no meu Formigas Glitter, que é van price. Que luta boxe e arrancou a orelha de van gogh. Que não luta boxe. Assiste Lynch e coça o buraco no lugar da orelha. Ufa... que desarranjo visual... este meu vincent não tem tantas cartas na manga assim... ele só tem o que os dois vincents van cents executaram, registrado no sistema nervoso, como uma memória única. uma memória dupla. mais uma mera memória meta. Trata-se novamente de uma grande ironia

Límerson Costa
Enviado por Límerson Costa em 11/01/2009
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