Meu desejo

Sinto-me travando uma batalha gigantesca contra meus próprios demônios. Auto-obsedado, obsedado pelos companheiros a que me liguei pela minha própria incúria, vivo a lamentar e não aceito a dor do sofrimento. Mas há momentos de lucidez, onde volto-me para um lado mais racional, apoiado numa fé vacilante porém sedenta de fortalecimento, e nessa hora consigo ver como caminhar adiante.

Estou certo de que há dores mais poderosas que poderiam se abater sobre mim, principalmente as físicas. Existe apenas uma dor moral que poderia superar a que sinto hoje.

Hoje sinto solidão. Sinto um certo abandono, uma angústia de ter falhado, uma raiva pela atitude alheia, e uma ansiedade por respostas que, aparentemente, ainda são inexistentes. Sinto dificuldade em aceitar a bondade advinda das tramas do destino, que nos fazem vítimas para que possamos nos lapidar moralmente. E vejo uma certa ingratidão, ainda que eu tenha sido o maior ingrato na maior parte do tempo, e tenha dificilmente me controlado, ou não tenha me controlado de maneira alguma.

Então hoje o que sinto também é uma necessidade muito grande de me desligar disso tudo. Assim como ela parece fazer, ao mesmo tempo que se dá o direito de saber notícias minhas. Quero saber dela, quero saber o que acontece a sua volta, porém percebo que além do sentimento que nutro, aquele que é puro, existe ainda grande dose de ciúmes, inveja e insegurança. Por isso o desligamento é mais certo hoje. Procurar não ter contato é o mais certo hoje para mim. E isso é certo para mim, pois pelo que me sinto culpado sei que não posso me redimir com uma ação direta. Já ela, pensa poder pela sua própria culpa.

As respostas das minhas perguntas mais esperançosas me parecem ainda inexistentes. Espero não me entregar ao egoísmo se o grande sofrimento moral vier cair sobre meu coração. Mas, antes disso, espero não ter esse sofrimento. Isso porque, no fundo do meu coração, sei que pode haver um amor puro, a medida que o tempo correr, e sei que ela pode se curar de sua própria culpa e enxergar o que está fazendo. Acho que o tempo pode ser parecido, e acho que a esperança é válida, desde que não seja doentia. Desde que seja baseada numa fé fortalecida.

Esse é meu desejo. O de ter fé. E sei que só posso chegar lá alimentando esperanças em coisas que não vão me abandonar e sempre pensando no meu dever como espírito encarnado.

Que Deus me inspire com bons pensamentos e, principalmente, boas ações!

Obrigado...

O Anjo Negro
Enviado por O Anjo Negro em 10/01/2009
Reeditado em 20/01/2009
Código do texto: T1377671