Quem tem olhos pra ver (Texto completo...ou talvez parte dele)
Num dia qualquer alguém me fez a seguinte pergunta:
- Você teria coragem de ir para São Paulo?
Naquele momento respondi que sim, porém, fui para casa questionando quais eram as chances disso acontecer.
Eu sempre quis sair do interior e costumava dizer: “Este lugar é muito pequeno pra mim”, ou, “Sinto que um dia vou crescer”.
Era como se eu tivesse muito que aprender ainda e aquela cidade não pudesse me oferecer todo o conhecimento que eu tanto desejava.
Então, decidi consultar as pessoas que podiam me dar alguma orientação, falei com meu tio e meu pai e estes me disseram:
- A hora é agora, você não tem o que perder... Se não der certo as portas estarão abertas pra você...
Com frases de incentivo e muito amor na retaguarda fiquei decidida a procurar um trabalho fora daquela cidade.
Entreguei currículos através de sites na Internet, indicações e outros meios, na cidade de Santo André e capital de São Paulo.
Uma pergunta sempre me vinha a mente “E se me chamarem?”.
E logo a resposta veio quando, através da indicação de uma pessoa querida, fui solicitada a uma entrevista numa empresa no centro financeiro do estado. Fui aprovada, tive que fazer minhas malas e de um dia para o outro minha vida mudou completamente.
Era muita informação, movimento, cores, letras, números, gente, veículos e barulho, muito barulho. Um caos conhecido através de telejornais estava diante dos meus olhos e embora fosse um tanto assustador, para quem vivia cercada de paisagens verdes, ainda podia gostar de tudo o que via.
Meu novo trabalho exigia doze horas do meu dia, porém em seguida tinha trinta e seis horas de descanso, o que foi um pouco difícil no começo... mas em seguida sentia o prazer e o alivio de poder desfrutar de uma folga bem merecida.
O que mais me impressionou nos primeiros dias foi utilizar os trens e metrôs até chegar ao meu destino. Achava engraçado quando muitas vezes entravam nos vagões um sujeito ou outro com um violão embaixo do braço, cantando uma canção qualquer para as pessoas que ali estavam, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo, porém, por diversos momentos fiquei chocada ao presenciar uma criança com idade para estar no jardim de infância, dizendo a todos em frase memorizada, que estava vendendo “amendoins crocantes por um real”.
Entre um vagão e outro eu podia ver a realidade de uma capital que tinha muito que desenvolver por mais que me impressionasse toda a tecnologia daqueles sistemas de transportes rápidos, impressionantes para uma interiorana.
A desigualdade estava estampada e sem vergonha para quem quisesse vê-la, há quem preferia fechar os olhos durante a viagem e não ver nada disso que vos conto, porém eu estava lá de olhos atentos e analisando tudo bem de perto.
Tantas vidas vindas de diferentes localidades estavam num único vagão, porém, poucas mantinham diálogo umas com as outras, algumas até pareciam esquecer da existência do ser humano da poltrona ao lado.
E continua...(até uma breve inspiração).
Obs: ESte é um ensaio de um livro que um dia irei publicar... Depende muito da opinião de todos os escritores deste site, se gostarem deste inicio um dia eu termino (quem sabe?).
Agradeço por todo o incentivo atravez dos comentários...
Abraços a todos!