Incluir para se emocionar!
Mais uma vez levanto bravamente a bandeira pela inclusão social.
Só aqueles que estão abertos a respeitar as diferenças podem enxergar as profundas modificações que acontecem quando conseguimos nos pôr além das diferenças e incluir sem qualquer preconceito.
Incluir é muito mais que simplesmente respeitar os outros, é vivenciar o amor pelo outro sem olhar para olhinhos puxados, característicos da síndrome de down, sem ver nos óculos escuros e nas bengalas condutoras, olhos que não enxergam, sem ver nas palavras não escutadas ou nos sons não emitidos surdos e mudos, sem olhar para uma cadeira de rodas e ver uma pessoa impossibilitada, limitada por uma deficiência física, é enxergar muito além disso e compreender que os diferentes precisam de atenção, e uma atenção imediata para que não mais sejam excluídos socialmente, nem precisem viver à margem de uma sociedade esmagadora, que não mais escraviza, mas que é extremamente escravagista.
Só quem consegue vivenciar momentos que superam as limitações podem verdadeiramente entender da minha luta.
Entretanto, a inclusão não pode mais ficar apenas nas palavras proferidas, nas leis, nos livros escritos, precisa acontecer, e primeiramente no coração de cada cidadão.
É através da inclusão e dos lindos exemplos de superação que conseguiremos formar uma sociedade que inclua de fato, e esse primeiro passo acontece quando abrimos as portas de nossas escolas para acolher a todos.
Minha luta não pode ser só mais uma que fica nas palavras escritas, porque só quem vivencia um momento de extrema delicadeza e de infinita sensibilidade sabe do que falo.
Pela segunda vez relato um fato que me aconteceu, e faz minha luta pela inclusão sair novamente do meu certificado de Especialista em Educação Inclusiva e se põe nas páginas da minha própria história e aumenta ainda mais minha paixão pela causa da Inclusão.
Novamente, em um mês, em decorrência do meu sério problema nas articulações, luxei meu pé, descendo um degrau. A dor é imensa, e mais ainda a possibilidade de um dia não poder andar mais. Pé imobilizado novamente, dificuldade para andar, novo desgaste nos ligamentos. Saí pra comprar remédio porque a dor era grande, e olhinhos me fitaram dentro do carro, e enxergaram no meu pé inchado, imóvel, e uma deficiência infinitamente menor que a dele. Rafael! Esse era o nome dele ( fiz questão de publicar seu nome, seu ato foi muito maior que eu e infinitamente superou a minha dor no momento) e como ele mesmo disse pra mim, tenho nome de anjo! Um sorriso lindo que me acompanhou até que o carro parasse, e quando abri a porta, estava ele ali paradinho, com a mão estendida pra mim e o sorriso mais lindo que vi naquele dia.
Machucou o pé? E dei a mão a ele, que me ajudou a descer, e me amparou quando novamente me desequilibrei. Entrei na farmácia, e achei que ele tinha sumido em meio as pessoas, mas não quando desci o degrau da farmácia, estava Rafael novamente com a mãozinha estendida pra me amparar até que entrasse no carro novamente. Com um Feliz Natal, ele se despediu com um sorriso mais bonito que o primeiro.
Filho de uma comunidade carente, mas que provavelmente foi incluído em algum momento de sua vida! Tamanha delicadeza, tamanha generosidade, tamanho e apaixonante ato!
É esse o fruto da inclusão! É esse o verdadeiro sabor da inclusão! É por essas e outras passagens que sinto-me na obrigação e no dever, de levantar sempre essa bandeira, e trazer comigo para luta tantos quanto se sentirem sensibilizados com a causa e a queiram vivenciar também com o mesmo respeito e seriedade que eu.