Educação x Emoção

Não há como falar em educação sem que esta esteja atrelada à emoção.

É fácil sentir e perceber tal co-relação: lembre-se da primeira palavra que conseguiu ler sem errar. Consegue, lembrar-se da emoção do poder da leitura? Do mundo se descortinando ante seus olhos, das viagens imaginárias nos contos de fadas? Dos príncipes e princesas e do mapa do tesouro escondido?

Também é fácil perceber que o ato de educar, está intrinsecamente relacionado a uma teia de emoções que ora são positivas e ora são negativas.

Positivas quando torna o aprendizado uma divertida aventura, cheia de caminhos a serem percorridos, cheios de desafios, mas que ao fim do processo, o tesouro do saber será encontrado e as moedas de ouro da aprendizagem encherão nossos olhos de contentamento e orgulho, e uma grande sensação de “eu posso” , “eu consigo” que alimentam a auto-estima nos vêem como a grande recompensa do saber.

Entretanto, a aprendizagem pode ser o pior dos pesadelos, cheio de areias movediças, e com caminhos escuros, que não se chegam a lugar algum, que atormentam nossas crianças, aniquilam sua auto-estima, as tornam introspectivas e retraídas, e com uma sensação insuperável de “eu não posso”, “eu não consigo” e, é aí nesse momento que o sentimento de incapacidade se instala no inconsciente da criança e se tornará uma sombra que andará ali lado a lado com ela.

É de fundamental importância em nossa prática docente que saibamos avaliar, em qual estágio se encontram nossas crianças.

Se a aprendizagem tem sido uma aventura do saber ou um pesadelo, se estamos conseguindo acionar os passageiros do tempo que existem em cada criança e fazendo com que eles dêem asas à sua imaginação e capacidade de criação e verdadeiramente viajando em cada situação e conseguindo produzir em seu imaginário cada dado ali exposto e traduzindo isso em conhecimento, alimentando nossos pequenos com sonhos a serem realizados, e possibilidades, ou se estamos fortalecendo um imaginário com sombras, com dúvidas, com incertezas, onde lagartos se transformam em dragões assustadores que aprisionam nossas crianças em um labirinto sem saída e que a cada novo dado apresentado se torna ainda mais distante a saída.

Precisamos estar atentos a qual caminho estaremos apresentando e oferecendo a nossos alunos.

A educação não deve mais ser tratada como era antigamente, onde não se formavam cidadãos críticos, apenas formavam-se pessoas que repetiam teorias prontas, sem muito o que ser questinado, e em conseqüência disso, perdeu-se o prazer pela educação e esta foi um fardo para muitos, que iam à escola sem saber muito da sua real necessidade, e do real ganho que se teria ali e em conseqüência desse não saber, abandonavam o cominho pela metade, sem colher grandes frutos.

A educação tem que ser muito mais que isso, tem que oferecer muito mais que conhecimentos prontos e pré-estabelecidos, precisa proporcionar caminhos.

A educação precisa mostrar sua mágica, sua cara e seu encantamento.

Essa é nossa função enquanto professores, muito mais que educar, mas encantar, tornar a arte de ensinar um grande aprendizado, mútuo, onde ambas as partes se complementam, porque é impossível dizer que ensinar não anda de mãos dadas com aprender.

Cada professor adentra sua sala de aula, com um saber, mas sai desta com outro, cada professor chega com uma visão de mundo, e sai transformado.

Essa é a grande mágica da educação! A troca! E se percebermos, não há vida sem troca!