No decorrer de nossas vidas vamos acumulando coisas. Cartões, revistas, roupas e etc. Nem sempre temos um lugar apropriado para estas coleções inusitadas, daí de tempos em tempos precisamos dar uma faxina.
Hoje, especialmente, fui fazer uma dessas ‘limpas’ em meus guardados. Desde o inicio sabia não ser tarefa fácil.
Remexendo nas tralhas fui encontrando achados que nem lembravam existir. Fotos. Como poderia desfazer da memória ainda em preto e branco, momentos felizes gravados naqueles sorrisos, amarelados pelo tempo. Rostos de amigos, professores, parentes e principalmente, dos meus pais, que muitas vezes tenho que me esforçar pra lembrar...
Ah, a cartilha! Traz a assinatura da primeira professora que me iniciou nas letras, no ABC da vida. Por quem me apaixonei pela sabedoria e experiência e me fez sonhar em ser igual, um dia. Lembrança da doçura e suavidade que me repreendia, das correções dos erros de linguagem e fala. Certa vez, quando tomava a lição na cartilha, já extinta nos dias de hoje, mais foi importante no meu aprendizado, havia uma gravura de um cipó e abaixo as sílabas que o representava. Eu, timidamente, não conseguia soletrar. Trocava o c pelo t. Ela com toda a calma fez com que vencesse a teimosia e ver que tipó, não era a pronuncia certa para cipó. Não consegui entender até hoje como aprendi tão depressa. Pensamentos divagaram em busca de respostas inexistentes pra que não acontecesse assim.
Cartões de natal, páscoa e aniversário. Postais de cidades visitadas. E outras recordações destas andanças... Como incinerar estas lembranças ainda vivas dentro de mim?!
Houve coisas que me deixaram deveras emocionada. As agendas e diários das minhas filhas... Como estas coisas são tão pessoais, não remexi, guardei-as para entregá-las. Junto a cada uma deixei um bilhete: se achar importante, guarde pra mostrar as gerações futuras ou jogue fora. Lembre-se que parte de sua historia e vida está enlaçada aí, com certeza vão cair no compartimento do esquecimento.
Sempre imaginei minha vida como contas de rosário, vividas uns dias gloriosos, outros dolorosos. Contas misteriosas e surpreendentes.
E assim, quando terminei a faxina, descobri-me com mais coisas para guardar do que jogar fora...
Dezembro de 2002
Hoje, especialmente, fui fazer uma dessas ‘limpas’ em meus guardados. Desde o inicio sabia não ser tarefa fácil.
Remexendo nas tralhas fui encontrando achados que nem lembravam existir. Fotos. Como poderia desfazer da memória ainda em preto e branco, momentos felizes gravados naqueles sorrisos, amarelados pelo tempo. Rostos de amigos, professores, parentes e principalmente, dos meus pais, que muitas vezes tenho que me esforçar pra lembrar...
Ah, a cartilha! Traz a assinatura da primeira professora que me iniciou nas letras, no ABC da vida. Por quem me apaixonei pela sabedoria e experiência e me fez sonhar em ser igual, um dia. Lembrança da doçura e suavidade que me repreendia, das correções dos erros de linguagem e fala. Certa vez, quando tomava a lição na cartilha, já extinta nos dias de hoje, mais foi importante no meu aprendizado, havia uma gravura de um cipó e abaixo as sílabas que o representava. Eu, timidamente, não conseguia soletrar. Trocava o c pelo t. Ela com toda a calma fez com que vencesse a teimosia e ver que tipó, não era a pronuncia certa para cipó. Não consegui entender até hoje como aprendi tão depressa. Pensamentos divagaram em busca de respostas inexistentes pra que não acontecesse assim.
Cartões de natal, páscoa e aniversário. Postais de cidades visitadas. E outras recordações destas andanças... Como incinerar estas lembranças ainda vivas dentro de mim?!
Houve coisas que me deixaram deveras emocionada. As agendas e diários das minhas filhas... Como estas coisas são tão pessoais, não remexi, guardei-as para entregá-las. Junto a cada uma deixei um bilhete: se achar importante, guarde pra mostrar as gerações futuras ou jogue fora. Lembre-se que parte de sua historia e vida está enlaçada aí, com certeza vão cair no compartimento do esquecimento.
Sempre imaginei minha vida como contas de rosário, vividas uns dias gloriosos, outros dolorosos. Contas misteriosas e surpreendentes.
E assim, quando terminei a faxina, descobri-me com mais coisas para guardar do que jogar fora...
Dezembro de 2002