Reflexão

Gostaria de refletir tanta coisa, refletir amor, vida, alegrias. Refletir sobre, e no sentido próprio da palavra. Refletir política, arte, filosofia, historia, gente. Escrever me concretiza tais vontades, escrevendo reflito o que quero tal como o espelho que nunca se parte, provoco reflexão. Sentimentos, afetos disparados por cantos, encantando e afetando. Tantas reflexões entaladas na garganta, poderiam todas sair nesta página de jornal, mas estão entaladas. Seu café esfria enquanto me lês cuidado para não engasgar como eu estou me engasgando aos poucos. Reclamam da falta de cultura do povo, mas não capaz de explorar a cultura que estes trazem, não são capaz de desenvolver projetos para que isso aconteça. Reclamam do teatro a tudo por um real, mas não são capazes de freqüentá-lo enquanto cobra-se o preço justo da arte. Talvez agora o espaço esteja mais movimentado. Lastimam seu triste fim, mas não cobram o espaço publico. Reclamam da falta de livrarias na cidade e do preço dos livros, mas não freqüentam nem se quer contribuem com a biblioteca publica. Menosprezam a cidade, mas nem sequer lêem Adélia Prado. Pagam fortunas em shows e festas e ainda reclamam de desembolsar qualquer cinco reais para artistas da terra. Viajam e fazem questão de freqüentar museus mas nunca repararam na catedral. Nos condomínios disputam a obra mais cara sem sequer reparar nos afrescos do Santuário. O poeta da noite não é mais artista, passou a pedinte. Reclamam, reclamam, reclamam... ah se eu pudesse refletir a arte sobre eles! Reflitam, afetem, façam, acordem. AME!

Jornal Magazine - Coluna EmCanto Literário