Sem você

O tempo escorre pelos anéis das horas, provocando em seu movimento um vago torpor. É dor que me acomete sem demora, quando em sua ausência, a tristeza me devora.

A lembrança que me fica de você, é companhia que tortura minha alma... A consciência irrequieta não se acalma, perambulando entre a memória e o desejo... E eu o vejo, personagem desta história, que é a própria razão do próprio enredo; desfilar como espectro do medo!

Minha existência perde a cor, a consistência; perde a alegria, eufórica inocência... Perde o encanto, que no espanto se desfaz... E se consome em pranto, que, no entanto não da paz!

Busco seu vulto em cada esquina que atravesso. Meus olhos movimentam-se ansiosos na ilusão de o encontrar. No desespero corro a esmo e tropeço, e tal é minha dor que sem pudor simplesmente eu confesso, o quanto dói nossa separação.

Não posso impedir meu coração, que apaixonado luta alucinado preservando cada emoção. Ah! O sofrimento é tormento que machuca, que fere e cutuca nosso coração.

Não posso aceitar sua ausência, minha querência se rebela frente à dor. Não me é possível conservar a paciência, posto que minha carência é em si testemunha do desamor...

Vou aos poucos me dando conta da solidão imensa que passa a me acompanhar. Um espaço absurdamente sem tamanho, este sentimento estranho insiste em ocupar... E teima, tinhosamente, em me rodear!

Fecho meus olhos, mas sua imagem me preenche. Você habita meu ser incontinente, sem que haja qualquer imposição. Reina soberano em meu juízo, delega como deseja o meu coração. Minha alma jamais o resiste, acolhe tudo que vem de você, envolvendo protetoramente com carinho, cada frágil pedacinho, da memória que insiste em se agitar. E haja lembrança para lembrar; haja tristeza para eu chorar!

Meu coração corteja com esmero nossa história. Simplória é a maneira que com ela vou lidar. Meu olho, sem o brilho que lhe era peculiar vai se turvando, nas lágrimas vai se encharcando, como se toda tristeza, ele pudesse lavar...

Priscila de Loureiro Coelho
Enviado por Priscila de Loureiro Coelho em 25/04/2005
Código do texto: T13026