Caminhos, meios e fins


É conhecida a figura metafórica a respeito do caminho do meio.  Sócrates já falava sobre a situação ideal que seria o caminho do meio. Os budistas, da mesma forma, utilizam essa imagem do caminho do meio.  E o que seria, afinal, o tal caminho do meio? Ora! É uma sugestão ao equilíbrio. Como eu prefiro dizer: “nem tanto ao mar, nem tanto à terra”.

No âmbito pessoal parece muito óbvio que atitudes extremadas não são adequadas. Contudo, o ser humano, apesar de considerar-se racional, tenta conduzir suas reações emocionais por reflexos condicionados, como qualquer cobaia de laboratório. Diante de uma situação frustrante tem por hábito dizer a si mesmo que “nunca mais isso” ou “nunca mais aquilo”. Via de regra, tal declaração não chega a ser sustentada por muito tempo, até porque o indivíduo tende a repetir as mesmas atitudes que, em determinado momento, o levaram à dita frustração. 

Por outro lado, com algum esforço, vez por outra, alguém até consegue modificar sua postura e, mesmo assim, comete o equívoco de colocar-se no lado oposto de onde estava e, dessa forma, troca um extremismo por outro. 

Eis aí a validade da opção pelo caminho do meio. Cada circunstância é única e, obviamente, não há como pautar-se sempre pelo mesmo ânimo ou forma de agir. Há horas em que é preciso ser mais rigoroso consigo mesmo e outras horas onde uma certa dose de auto-indulgência é necessária.

No que tange às relações interpessoais não é diferente. Nos relacionamentos humanos é comum oscilarem as situações onde existe uma concórdia generalizada ou uma discórdia total. Parece que as regras de convivência são pautadas no tudo ou nada. Não raro, sérios antagonismos se instauram por causa disso. 

Contudo, mais uma vez, a busca pelo caminho do meio é a solução. Conviver pressupõe exercícios de transigência e não afirmações de exigência. Não se trata de “ou isso ou aquilo”. Melhor é quando se consegue “negociar” situações onde se preserve um pouco disso e um pouco daquilo. Todo mundo cede um pouco e acabam se encontrando no tal caminho do meio.

Tudo isso é muito idealizado e colocar em prática tais posturas não é tão simples quanto propô-las. Contudo, quem não tem por fim encontrar satisfação no caminho do meio, acaba ficando no meio do caminho e nunca chega satisfatoriamente ao fim.