Instinto-razão
Instinto-razão
Sou cônsul dos encantos da vida; já dos desencantos, pouco sei ou não dou a importância devida. Nos quatros cantos do mundo, isso para quem percebe ou concebe o espaço físico por uma semiótica quadrangular, há sempre uma luta da carne contra o espírito-razão, na mesma proporção, um quer vencer o outro... Tudo isso se dá, pelo fato de que a natureza do homem está firmemente estabelecida na base de um pueril engano, o de pensar que é uma obra do sutil do acaso, ou de um planejamento inteligente e prévio, supra-racional... Há um destino final para tudo que respira: voltar ao não ser criativo, ao átomo vulgar, para se transformar; só que a probabilidade de ser da mesma espécie outra vez é infinitamente remota. Para que um verme venha a ser homem mais uma vez, migrando de organismo em organismo, levaria para ser otimista, uma eternidade criativa da casualidade atômica...temos apenas uma chance de ser racional ou puro instinto-animal-natural-pensante...abracemos, portanto, nossa condição, este instante magnífico de gozo existencial, que é a nossa aurora perceptiva de mundo real, subjuguemos a nossa metade razão e vivamos o hoje, o nosso instinto-racional, pois não temos tempo para este combate eterno e desigual. Há dois séculos, os estóicos já sabiam disso e defendiam com justa razão...viva o instinto natural, abaixe a divisão de corpo e alma de Platão. A essência-homem não subirá aos céus, mas descerá ao o abismo; amenos, é claro, que desconheças a lei do Newton...
Evan do Carmo 14/11/2008