Mídia fast-food.

Mídia fast-food.

Vivemos em uma época dinâmica, rápida e fragmentada. Somos bombardeados por informações que devemos processar rapidamente de todos os lados. São diversas preocupações diárias e nós vivemos em um mundo corrido e sem tempo para refletir sobre o que nos bombardeia.

Nesse cenário de excesso de informação fast-food, vejo que a televisão assume um papel de influência grande sobre nossa maneira de pensar. Ela assume um papel intelectualizador nos dias de hoje, na medida em que se propõe a expor fatos cotidianos, debatê-los e criticá-los para um publico indigente que acompanha tudo de maneira passiva.

Não é incomum vermos o cotidiano retratado na tela de uma TV e logo após algum comentarista explicando , digerindo e fazendo juízos de valor sobre o que foi exposto. Temos muitos exemplos de noticias que viraram comoção nacional, foram exploradas à exaustão e depois julgadas pela mídia, como se este fosse o seu papel social, enquanto o cidadão comum, entre uma garfada e outra vê aquilo sem nem mesmo refletir sobre o que está vendo.

Com isso, nós estamos legitimando um poder imensurável, o poder sobre a informação e liberdade de pensamento, a um determinado grupo de pessoas, sem ao menos nos perguntar quais são os interesses envolvidos por trás de quem está usurpando esse poder.

Existe uma guerra pela hegemonia de quem nos informa. Eles precisam de audiência para vender propaganda e lutam com todas as armas que possuem para te manter ligado a determinado canal. Eles precisam de sua audiência. Precisam que você continue os assistindo sem pestanejar, à toda hora.

Em nome dessa guerra podemos presenciar a todo o momento a luta por trás de fatos, depoimentos, polêmicas, ou seja lá o que for que eles pensem que irá atrair sua atenção. Tivemos uma prova dessa bizarrice televisiva quando jornalistas da Record pediram para o seqüestrador da Eloá dar tchauzinho para suas câmeras, ou quando uma apresentadora da Rede TV ligou para ele para fazer uma entrevista ao vivo. Agora essas mesmas emissoras condenam os erros da policia na ação, mas qual será a parcela de culpa delas nestes erros?

Até quando veremos estas aberrações jornalísticas e aceitaremos seus juízos torpes de valor em nome de audiência e dinheiro de publicidade e contratos? Até quando aceitaremos debates manipulados e circos em cadeia nacional? E, por ultimo, até quando vamos deixar que o interesse de poucos prevaleça sobre um interesse comum?