Axiologias e processos civilizadores.

Você já se perguntou como se deu o processo de utilização de talheres à mesa? Ou como nossa maneira de se alimentar modificou-se desde a Idade Média até os dias atuais?

Norbert Elias investigou esses e outros processos no que podemos chamar de historia dos costumes. Ele denominou esse fenômeno de processo civilizador, que seria o processo pelo qual o homem se civilizou e passou a adotar certos hábitos e costumes como instrumento de distinção entre classes sociais. Desse processo civilizador nasce o conceito de civilização, que hoje pode ser usado para vários sentidos diferentes.

Ele nos mostra que certas coisas que tomamos como natural hoje, como por exemplo, o uso cotidiano do garfo à mesa, não eram vistas dessa maneira no passado. Foi preciso um período de adaptação e um condicionamento geral da população para que certos costumes e maneiras de pensar fossem inseridos e aceitados como naturais.

Em nome desse processo civilizador e deste conceito de civilização muitas barbáries foram legitimadas, como a colonização das Américas ou a escravidão africana, pois, os mesmos homens que se viam civilizados acreditavam que eram o ápice que o espírito humano podia alcançar e por isso poderiam transmitir, mesmo que a força, esse modo de pensar à outras culturas.

Quando aplicamos juízos de valor e acreditamos que nossa cultura é superior a outra, estamos fatalmente cometendo o erro de nos fechar em uma bolha de ignorância e tornamos suscetíveis a destruir coisas belas em vez de talvez aprender com elas. Esse foi o erro de nosso colonizador. Esse foi o erro de nossa sociedade que perdeu muito de sua origem ao se espelhar em modelos que consideravam mais civilizados e, por conseqüência, melhores.

Esse também pode ser um erro que acontece todo dia com nós mesmos em nosso microcosmo. Ao julgar atitudes e costumes que não queremos nem ao menos entender. Essa é a raiz da palavra preconceito.

Você já se perguntou por que tais pessoas agem da maneira como elas agem? Já procurou absorver em vez de julgar e destruir? Você já se questionou o porquê de seus atos e pensamentos? Se não, está é uma boa hora de crescer e aprender que o mundo não é apenas aquilo que faz sentido para você. Existem outros que vêem as coisas de maneiras diferentes e, como você, também não estão errados em suas cosmovisões. Então, vamos aprender no lugar de condenar e respeitar em vez de destruir, aumentando nosso nível perceptivo para fora de nós mesmos para não perder nuances de beleza no contato com o diferente?