CRESCER UM VERBO QUE PRECISA SER CONJUGADO
Por causa dos freqüentes problemas do cotidiano, caimos, quase sempre, num crônico e generalizado negativismo, que nos leva a transmitir para as crianças, a falsa idéia de que a vida adulta é uma vida de cão, um salve-se quem puder, um arena de gladiadores.
Que coisa mais feia gente! Não é com este tipo de pensamento que iremos proporcionar aos pequenos seres em evolução, aquele tão necessário incentivo para que um dia eles venham a exercer adequadamente suas potencialidades de gente adulta.
Se ficarmos enfiando na cabeça da criançada que o único tempo em que se é realmente feliz, é só quando se é criança, estamos convencendo esta pessoinha a desejar ser para sempre uma criança. Devemos mostrar a ela o horizonte promissor da vida adulta , mostrando-a que se ela for devidamente preparada terá em conseqüência disto, boas probabilidades de ser feliz .
Uma criança no seu ambiente original, resguardada e mantida pelos respectivos pais, até pela existencia dessa redoma de protenção, já é colocado na cabecinha dela a idéia de que o mundo lá fora de seu lar, é, no mínimo, um mundo perigoso. Quanto mais resguardada for a criança, mais essa idéia de perigo exterior se acentua. Depois fica muito difícil convencê-la do contrário, isto é, de que lá fora de sua casa existe muito mais gente boa do que ruim.
A transição da ilha da fantasia para o mundo real, acontece a partir do momento em que a criança sente uma inresistível necessidade de mostrar quem realmente ela é. E que portanto merece e precisa ter seu espaço, e é justamente aí que para os adultos ela se torna uma coisa que nós, os adultos, chamamos de amolecentes. Esta criatura metamorfica, está, urgentemente, tentando delimitar e reconhecer seu próprio ego. Ela está procurando um lugar para colocar o próprio corpo. É como se estivesse se enxergando no espelho pela primeira vez, e se assustasse com aquilo que estivesse vendo.
Nossos cuidados dentro do espaço social, é no sentido de instruir o ser humano para gerir patrimônios e pouco nos incomodamos com a sua formação para o exrecício da vida em seu sentido mais amplo. A criança recebe pouco ou quase nada de instruções sobre como lidar com seus medos, suas raivas, suas invejas, seus ciumes. Pouco falamos para ela acerca de lealdade, sinceridade, amor, paixão, decepção, frustrações e outros tantos tabus, que na realidade constituem na maioria das vezes nas causas do fracasso de um individuo adulto ou que pelo menos já teria idade suficiente para o sê-lo.