Pretensa Admiração.
Talvez seja simples oferecer palavras complexas em sinal de gratidão, porém, é pouco relevante crer que as mesmas terão sua essência captada por aqueles que assim as recebem.
Entender do mundo aquilo que é necessário tão-somente a si, não é mera condição humana. Os livros também são assim, expressam o que querem e o que compreendem particularmente, supondo de modo hostil uma imutável capacidade de aspergir na pessoa humana suas verdades e suas mentiras.
Para quem um dia sentado nas ínvias areias da praia e desacreditado deixou a água o levar, receber gestos de afeto e compreensão vale mais que horas de um bom banho quente depois de sentir o mar gelado o invadir.
Incrível perceber que é no “acaso” do destino que, às vezes, encontramos a tal felicidade que procuramos um dia naquele sonho mais metódico, naquela fantasia infernal de conto romântico sem se dar conta da torpe e frígida realidade. E como num passe de mágica admiramos como o destino é irônico!
Ora estamos a rasgar bilhetes apaixonados ora estamos a juntar os pedacinhos de papel - que espalhamos num grande surto de figurantes protagonistas - já imaginando como reescrevê-los.
Sei que não sou a melhor pessoa, nem o melhor exemplo e tão pouco o melhor caminho. Mas o que me deixa feliz é saber que Ninguém também o é! E disso que tenho medo, de que um dia Ninguém também acreditar neste fato.
Delimitar barreiras em si ajuda quando sabemos que as cadeias são facilmente burladas; algemas sempre podem ser reabertas e senhas inutilmente configuradas, pois é na incerteza que reside a autoconfiança da pessoa. Saber que o mundo que te cerca não é tão maravilhoso assim, dentro de suas minúsculas e intermináveis dimensões, claro, e que o mesmo pode ser facilmente impelido ao nada como supostamente do nada veio conforta medos ínfimos que julgamos serem incomensuráveis e descomunais.
Creia, mesmo que seja em uma mentira, pois como já dizem as más línguas, as mentiras só teimam em destruir quando as verdades insistem em mentir.