Capítulo 9 - Santa Chuva

Capítulo 9 - A Carta Para Nosferatu

Domingo, já se vão 3 dias sem se quer uma só palavra trocada,

Henrique se “rói” de saudades, não resiste e liga para Sofia com a desculpa de apenas querer escutar a sua voz. Mas, era muito mais, ele queria mesmo era deixar de lado aquela agonia e finalmente escutar que ela vai ficar com ele.

É segunda-feira, as gotas pingam, mas, a decisão de Sofia está tomada, ela vai ficar com o seu marido, resolveu tentar de novo, mesmo sabendo que agora tudo é mais difícil, pois, existem parâmetros para um sentimento, ela quer, Henrique agora não mais existe, pelo menos, em suas intenções. O que fazer agora? A quem pedir? O que dizer? Nada mais serve para remendar o amor rasgado, nem agulha, nem retalhos, nem linha, nem a dor. Se refazendo da noite que não dormiu Henrique sai da cama, abre todas as cortinas do seu quarto e deixa o sol clarear todas as suas idéias, talvez encontre em alguma a possibilidade de viver sem ela, inútil. Sem esperanças, ele escreve com pasta de dente, em seu já tão rabiscado espelho do banheiro. “Amei tanto que me esqueci de ser amado”. Mas, como amar alguém que não se ama? Foram inúmeras noites de lágrimas, de ciúmes e de certezas. Certezas do fim. Não há consideração por parte dela, há simplesmente o comodismo de fazer o mais fácil, sem precisar esticar os braços, não sabe ela que a verdade sempre aparece, mesmo depois do fim.

Mas, o tempo não morre por esse amor doente e Henrique precisa trabalhar, toma banho lentamente, deixa com que a água quente leve longe do seu rosto, “um infeliz passado”.

Ao abrir a porta para sair ao trabalho, notou um papel, era mais uma carta sem remetente que encontrara. Esta, desta feita dizia assim:

Quantas coisas você já viu passar da sua janela?

E destas, quantas mais lhe fez lembrar os olhos dela?

Às vezes não existe razão entre a tristeza e a solidão

E nós nos fechamos censurando o coração

Parece até que sentimos prazer em sofrer

Não faça assim rapaz, não queira só paz

E se a solidão lhe satisfaz

Olhe a vida, olhe o tempo

Você não pode perder mais

Sds,

O velho moço
Enviado por O velho moço em 06/10/2008
Reeditado em 07/10/2008
Código do texto: T1213746