PENSAMENTO E CONTEMPORÂNEIDADE
“Sem os punhos de ferro da modernidade,
a pós-modernidade precisa de nervos de
aço”.
BAUMAN, Zygmunt: Modernidade e Ambivalência
O exercício de pensar na contemporaneidade pressupõe toda economia simbólica como um jogo de linguagem deslocado de qualquer objeto de eleição, de qualquer correspondência viva entre as palavras e as coisas.
A consciência tornou-se, em muitos sentidos, o único sujeito e objeto possível do pensamento que, cada vez mais, volta-se para e contra si mesmo no produzir irrestrito do conhecimento.
Já não é mais possível apropriar-se do mundo pelo pensar, reduzi-lo a uma espécie de ciframento, codificação ou desvelamento de uma realidade passível de revelação. Pois tudo que vemos hoje é uma espiral de conceitos, métodos, ideações e arbitrarias eleições cognitivas que se mesclam em um amalgama de informações inconclusas, historicamente determinadas, em sua inevitável perenidade ou provisório e relativo valor.
Aqueles que ainda se entregam à chamada “vida do espírito” encontram-se diante do desafio de reconhecer o esforço de pensar, antes de tudo, como uma atividade lúdica não mais destinada a fomentar valores morais, princípios e certezas de mundos imaginados como realidades.
O conhecimento hoje em dia, parafraseando Jean Francois Lyotard em A Condição Pos Moderna, é basicamente performance... Acrescentaria ainda: ele é incredubilidade e descrença na fundamentação ultima de todo discurso, isto é, o sentimento de verdade.