EM DEFESA DO MUNDO VIRTUAL

Muitas pessoas pensam que o termo “virtual” se opõe ao que é “real”. O argumento é que o mundo “real” é bom, que gostar do virtual parece loucura, e outras coisas mais.

Concordo que existe o mundo físico, natural, no qual vivemos e nos movemos enquanto seres de carne e osso. No entanto, ninguém em sã consciência nega a existência de várias dimensões dentro do próprio ser humano: a dimensão biológica, psicológica, afetiva, espiritual. Tudo isso foge do terreno puramente material.

O mundo virtual de que trato aqui é aquele em que nos

comunicamos com as pessoas por meio de mensagens eletrônicas (e-mails), bate-papos (chats) e outros.

Penso que as pessoas que negam a importância desse novo mundo que se descortina diante dos nossos olhos, o mundo do teclado, mouse, CPU, conexão, webcam e monitor, não conhece o poder da palavra. Essas pessoas ignoram o que uma leitura é capaz de fazer, como ela é capaz de transformar um ser humano, para pior ou para melhor.

Quando estou “CHATeando” com os internautas, sinto como se estivesse frente a frente com cada um dos interlocutores. Vejo a reação a cada palavra que escrevo e lhe chega aos olhos por meio do monitor. Nem preciso de webcam para detectar-lhe a tristeza, alegria,

entusiasmo, prazer de conversar e outras reações naturais do homo sapiens.

Alguém poderia negar tais reações? Em caso positivo, negaria também a literatura, que é um mundo vasto de conhecimento, que gera ira, prazer, revolta, guerras. O poder da palavra é grande, seja falada, escrita, ou do jeito que for.

“Dizei uma palavra e meu servo será curado”, foram as palavras do centurião romano a Jesus Cristo. Para provar que o centurião estava coberto de razão, Jesus, sem ir até a casa do centurião, mesmo bem distante dela, pronunciou a palavra e imediatamente o servo foi curado.

Como eu não tenho o poder de Jesus Cristo, de curar pela palavra sem o teclado, o mouse, a CPU, o monitor e a conexão, uso esses apetrechos para enviar palavras de conforto às pessoas que delas precisam. Isso funciona. É real. A reação das pessoas é algo que pode ser detectado por aparelhos. Coisa do mundo físico.

Portanto, caríssimo leitor, da próxima vez em que alguém falar mal do mundo virtual, lembre-se do que leu acima e faça uma pequena apologia da maravilha que é a Internet, o teclado, o mouse, o monitor, a CPU, a conexão, e, quem sabe, a webcam, que poderá mostrar online as reações, positivas ou negativas, do nosso interlocutor.