Dois pra lá e um pra cá!

Veja, por exemplo, a possibilidade da renúncia. Até que ponto é necessário que você se anule pra satisfação de outrem?

Um relacionamento, qualquer tipo, é feito de renúncias... Você abre mão de alguma coisa, a outra pessoa também deixa de lado algo que não ajuda. Não existem pares perfeitos, porque a vida não é uma exata. As pessoas vão se encaixando, aperta aqui, afrouxa ali. É como uma dança, mesmo de improviso, começa lentamente mas os passos devem ser sincronizados e quando alguém escorrega ou pisa no pé, é necessário que o outro esteja pronto para ampará-lo e orientá-lo. Se ele volta a errar é hora de parar e combinar tudo de novo. E assim os dois vão seguindo, certamente com alguma dor. Exercício sem dor não existe. Mas felizes por que o compasso está lindo.

E enquanto as coisas estão funcionando, ninguém sente falta de nada. Na verdade espera-se isso. Mas quando a dedicação é máxima e o retorno mínimo, e os ensaios não surtem mais efeito, porque alguém está “pesado” ou cansado demais pra continuar dançando, você começa a pensar no tempo dedicado e a questionar se a abdicação foi totalmente válida.

A sensação de estar de braços abertos onde as paredes estão se fechando à medida que você caminha torna-se cada vez mais forte. A questão é saber o limite. E quando você se perde dificilmente alguém irá encontrá-lo. Mantenha-se visível. Dance, pule, rodopie, expresse, faça caretas, sorria, abra e feche os braços, corra, fique parado, entre e saia de cena, é importante saber a hora de cada um. Mas não vá tão longe a ponto de ter dificuldades para voltar. As coisas ocorrem de dentro pra fora. Perdoe sempre. Mas entenda onde é seu lugar de fato.