Tua lótus

Angélica T. Almstadter

Não creias que eu desisto no primeiro round...eu choro, me abalo...me calo...

Escondida nas minhas entranhas, remôo meus desejos...passeio pelos meus anseios...sondo minhas loucuras...e me liberto das minhas travas...

Reconheço minhas censuras...admito as garras da paixão que galopa na minha imaginação e antes que o tempo possa me dar tempo de reconhecer a minha pouca consciência...desligo os alarmes...recolho as cancelas e sigo em frente...

Não sou a mais temente...não mais a inclemente que se desarvora...sou sim a inocente que abre as mãos e aceita a

hora roubada...a mão delicada...cresci e venci o que chamarias de excesso de zelo...então não castre as minhas razões maduras...as minhas mãos transbordantes de ternuras ...deixa eu esparja pelos ares os aromas dos incensos...

Permita que eu me banhe no leite perfumado...que me unte com o nardo...e na noite de lua alta me faça a mais amante...

Recolha meu pranto brilhante...que em gotas de diamantes goteja lentamente nas vagas do teu dia...e tu que em alvo leito de ternura me aguarda silente...me abraça e me toma

como tua lótus preferida...

Banho teus pés nas águas de rosas...te faço ornamentos de pedrarias...e no leito de especiarias espalmo minha luxúria...meu amo e amado...

selo no meu o teu peito...e quando a pomba anunciar no outeiro o amanhecer de mais um dia no ano da graça...

hei de celebrar nossa união com elixires jorrados dos

cântaros...

Abençoado seja o amor que nasceu e permaneceu na inocência das páginas desse meu diário...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 15/04/2005
Código do texto: T11502
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