O homem nos livros...das mulheres!
O homem do século XXI, que vai ao supermercado, troca fraldas, busca autoconhecer-se etc, tem nas mulheres verdadeiras parceiras neste processo, contudo, de vez em quando, parece-me que o sexo oposto ainda lida com desideratos ligados a questões atávicas que não tinham, na teoria, mais razão para existir.
Hoje, em mais uma viagem à trabalho, estava no aeroporto fazendo hora até chegar o momento da entrada, quando, rato de livraria que sou, fui até a respectiva loja. Qual não foi minha surpresa ao me deparar na prateleira com o livro intitulado "Homens no bolso"....dei uma risada - não por menosprezo - e refleti: nunca me imaginei no bolso de ninguém, até mesmo porque teria de ser um bolso muito grande...li alguns trechos...fiquei surpreso, principalmente com o roteiro para uma pré-seleção (coitados dos homens com menos de 25 anos, pensei!)...continuei minha busca, quando me deparo com outro título: "Por que os homens se casam com as manipuladoras" e ainda outro "O que toda mulher inteligente deve saber", bem ao lado!!!
Caramba...aqui, realmente tive que parar para pensar! Será possível que neste século, aonde o sexo feminino ocupa espaços e colhe os frutos das lutas que nossas avós e mães travaram, a mulher ainda precise de livros que se propõem a ajudar em aspectos como relacionamentos, sexo, o tal "controle da relação" etc, enfim...confesso que muito fiquei surpreso negativamente com o pouco que li. No meu pouco entendimento, questões e frases do tipo "transar ou não no primeiro encontro"..."não sou pedaço de carne no açougue"..."não dar mole, mas insinuar-se"...."ter o controle da relação"..."serei mãe ou presidente da empresa"...o poder do "não" durante uma paquera noturna...acabam mostrando que a mulher lutou, brigou, conquistou, mas ainda não incorporou - e tem cá suas dúvidas se vai e deseja incorporar - realmente aquelas que sempre foram as bandeiras feministas do passado e, em alguns casos, do presente.
Não sou nenhum estudioso no assunto, mas considero este campo extremamente profícuo para estudos desta dicotomia entre o que a mulher almeja e luta e o que realmente ela acaba encontrando e sendo no seu eu interior. Não saber lidar claramente com o sexo,
despregando-o do conceito de bem utilizável, aceitando-o como fonte de prazer e cuja ligação com o amar depende de vários outros fatores, parece-me um fantasma que ronda até mesmo mulheres resolvidas profissionalmente, com filhos criados e situação estável. Para ilustrar, faço a pergunta, qual de vocês, leitoras, já saíram com um garoto de programa? E caso já tivesse saído, qual de vocês falaria abertamente sobre o assunto? Sei que há exceções, mas, via de regra, o assunto é polêmico e na maior parte das vezes é omitido nas rodas de bate-papo femininos.
Bem...acredito que no tocante aos relacionamentos, cada indivíduo tem seus próprios ingredientes, e ao serem "misturados" aos de outrem, dá uma nova receita que pode ser muito gostosa ou um desastre! Não tem jeito: tem que experimentar! Por mais que se tente, livro nenhum, nunca, poderá "dar uma receita" ou "indicar passos" para que um relacionamento seja seguro e feliz. Observar o exemplo negativo do outro ajuda-nos, sem dúvida, mas propor isto como guia, ao meu ver, é um erro.
Por exemplo, para mim, dentro do meu universo não há espaço para relações de superioridades: sedutor(a)/seduzido(a); controlador(a)/controlada(o); conquistador(a)/conquistado(a); caça/caçador(a) etc...comigo o relacionamento inicia-se e perpetua-se com a igualdade, um pelo outro e o outro pelo um, simultaneamente, e só!
Esta "receita" é boa para mim, mas, será ela boa para você?