PÉROLAS E DIAMANTES
Li, recentemente, um delicioso livro de Rubem Alves, “Ostra Feliz não faz Pérola”. Não sei se é correto dizer que um livro é delicioso, pois a palavra “delicioso” geralmente se refere a coisas que podemos degustar... saborear.... apreciar pelo paladar. Mas, este é o caso deste livro. Ele é delicioso, porque podemos sentir o seu gosto, podemos degustá-lo lenta e prazerosamente.
Nesta obra Rubem Alves veicula a concepção de que a elaboração de idéias, a criação de obras inovadoras e belas ocorre a partir de episódios ou situações que apresentam ou representam algum tipo de dor ou sofrimento por algum motivo. Assim, ele conta uma pequena fábula na qual em uma pequena colônia de ostras felizes, havia uma delas que era triste porque em sua mucosa havia entrado um grão de areia que lhe causava dor. Enquanto as demais ostras eram felizes e viviam cantando, a exceção era aquela ostra que sofria dores. Como defesa natural sua mucosa foi criando uma secreção que produziu uma camada de uma substância branca, rígida e lustrosa em torno do grão de areia para minorar e até extirpar a sua dor. Surgiu então uma pérola, admirada por todos, considerada de grande valor e uma obra-prima da natureza.
Assim, podemos inferir que em nossa vivência, os fatos e motivos que nos causam incômodo, dor ou sofrimento devam ser trabalhados de forma a, partindo deles, produzirmos belas idéias e belas obras sobre a vida e sobre o mundo, bem como produzir belos exemplos de superação das dificuldades, do sofrimento e da dor.
Fiquei, durante algum tempo, ruminando estas idéias e procurei imaginar outras situações nas quais a natureza também cria beleza e preciosidades consideradas de grande valor pela humanidade a partir de coisas e situações aparentemente insignificantes. Lembrei-me do exemplo do diamante que é formado a partir do carvão que, submetido a grandes pressões e a altas temperaturas, ou seja, uma situação insuportável, apesar do carvão não ser um ser vivo que sente dor ou sofrimento nessa situação, transforma-se no diamante, pedra de rara beleza e de extremo valor, bem como considerada indestrutível ou de capacidade de resistência incomparável. Apesar do carvão não ser um ser vivo, a situação, se nos colocássemos no lugar dele, é análoga à da ostra. Na verdade estas são metáforas que podem, cada uma em seu devido contexto, nos remeter a pensar que o belo, precioso ou as obras-primas, são produzidos em condições adversas para um ente qualquer, são produtos de situações desagradáveis, incômodas e de sofrimento e dor.
Por outro lado, de acordo com esta concepção, os seres que vivem felizes o tempo todo seriam pouco propensos a criar coisas belas e poderiam permanecer na mais absoluta estagnação criativa. Será que o belo, o inovador e as obras geniais são criações que fazemos a partir do sofrimento? A felicidade seria um estado da mais absoluta incapacidade de criação e seria apenas o desfrutar da vida? Poderíamos, talvez, concluir que o sofrimento nos induz a produzir belas obras e idéias como ideal de vida a ser atingido. O produto da criatividade que advém dos estados de sofrimento seria, portanto, criações a partir do incômodo causado pela dor.
Por outro lado, o desfrutar da beleza, da paz e da harmonia da vida, portanto, da felicidade, não pode ser um estado de inércia da criatividade. Há, sim, um estado de profunda paz que pode ser benéfico para a criatividade. Só que a criação é mais leve, mais branda, menos desesperada, mais lenta, no ritmo da natureza. A criação a partir da dor e do sofrimento é desesperada, é avassaladora, é retumbante. Ela precisa ser assim para espantar a dor e compensar o sofrimento. A criação a partir da felicidade é calma, natural, não causa sobressaltos e quase não se nota a sua presença, pois ela não anuncia de onde vem, nem para onde vai. Ela apenas permanece em nossas vidas de forma simples, leve e bela.
Após escrever estas breves e superficiais linhas a respeito do que li, fiquei pensando o quanto o que li me fez bem. Afinal de contas a provocação do autor me incomodou o suficiente para minha imaginação se manifestar e resultar nestes pensamentos e sentimentos talhados no papel. Será que afinal o texto do Rubem Alves representou, de alguma forma, o grãozinho de areia que me incomodou? Será que ele teve essa intenção ou tudo isso é mero acaso?
Li, recentemente, um delicioso livro de Rubem Alves, “Ostra Feliz não faz Pérola”. Não sei se é correto dizer que um livro é delicioso, pois a palavra “delicioso” geralmente se refere a coisas que podemos degustar... saborear.... apreciar pelo paladar. Mas, este é o caso deste livro. Ele é delicioso, porque podemos sentir o seu gosto, podemos degustá-lo lenta e prazerosamente.
Nesta obra Rubem Alves veicula a concepção de que a elaboração de idéias, a criação de obras inovadoras e belas ocorre a partir de episódios ou situações que apresentam ou representam algum tipo de dor ou sofrimento por algum motivo. Assim, ele conta uma pequena fábula na qual em uma pequena colônia de ostras felizes, havia uma delas que era triste porque em sua mucosa havia entrado um grão de areia que lhe causava dor. Enquanto as demais ostras eram felizes e viviam cantando, a exceção era aquela ostra que sofria dores. Como defesa natural sua mucosa foi criando uma secreção que produziu uma camada de uma substância branca, rígida e lustrosa em torno do grão de areia para minorar e até extirpar a sua dor. Surgiu então uma pérola, admirada por todos, considerada de grande valor e uma obra-prima da natureza.
Assim, podemos inferir que em nossa vivência, os fatos e motivos que nos causam incômodo, dor ou sofrimento devam ser trabalhados de forma a, partindo deles, produzirmos belas idéias e belas obras sobre a vida e sobre o mundo, bem como produzir belos exemplos de superação das dificuldades, do sofrimento e da dor.
Fiquei, durante algum tempo, ruminando estas idéias e procurei imaginar outras situações nas quais a natureza também cria beleza e preciosidades consideradas de grande valor pela humanidade a partir de coisas e situações aparentemente insignificantes. Lembrei-me do exemplo do diamante que é formado a partir do carvão que, submetido a grandes pressões e a altas temperaturas, ou seja, uma situação insuportável, apesar do carvão não ser um ser vivo que sente dor ou sofrimento nessa situação, transforma-se no diamante, pedra de rara beleza e de extremo valor, bem como considerada indestrutível ou de capacidade de resistência incomparável. Apesar do carvão não ser um ser vivo, a situação, se nos colocássemos no lugar dele, é análoga à da ostra. Na verdade estas são metáforas que podem, cada uma em seu devido contexto, nos remeter a pensar que o belo, precioso ou as obras-primas, são produzidos em condições adversas para um ente qualquer, são produtos de situações desagradáveis, incômodas e de sofrimento e dor.
Por outro lado, de acordo com esta concepção, os seres que vivem felizes o tempo todo seriam pouco propensos a criar coisas belas e poderiam permanecer na mais absoluta estagnação criativa. Será que o belo, o inovador e as obras geniais são criações que fazemos a partir do sofrimento? A felicidade seria um estado da mais absoluta incapacidade de criação e seria apenas o desfrutar da vida? Poderíamos, talvez, concluir que o sofrimento nos induz a produzir belas obras e idéias como ideal de vida a ser atingido. O produto da criatividade que advém dos estados de sofrimento seria, portanto, criações a partir do incômodo causado pela dor.
Por outro lado, o desfrutar da beleza, da paz e da harmonia da vida, portanto, da felicidade, não pode ser um estado de inércia da criatividade. Há, sim, um estado de profunda paz que pode ser benéfico para a criatividade. Só que a criação é mais leve, mais branda, menos desesperada, mais lenta, no ritmo da natureza. A criação a partir da dor e do sofrimento é desesperada, é avassaladora, é retumbante. Ela precisa ser assim para espantar a dor e compensar o sofrimento. A criação a partir da felicidade é calma, natural, não causa sobressaltos e quase não se nota a sua presença, pois ela não anuncia de onde vem, nem para onde vai. Ela apenas permanece em nossas vidas de forma simples, leve e bela.
Após escrever estas breves e superficiais linhas a respeito do que li, fiquei pensando o quanto o que li me fez bem. Afinal de contas a provocação do autor me incomodou o suficiente para minha imaginação se manifestar e resultar nestes pensamentos e sentimentos talhados no papel. Será que afinal o texto do Rubem Alves representou, de alguma forma, o grãozinho de areia que me incomodou? Será que ele teve essa intenção ou tudo isso é mero acaso?