O registro da Vida
É curioso imaginar a vida como sendo um livro, bem, mas se não for, pelo menos um livro, o que será, então, a vida? Momentos que se perderão no tempo? Que poderão ficar dispersos nas lembranças de quem a presenciou mas que fatalmente se perderão quando esses se forem? Um livro, sim, um livro é um recurso, mesmo que reduzido, aonde posso registrar a minha vida. Não tem as cores, os sons, a emoção dela, de fato, mas tem o registro dos momentos, alguns que sejam.
A música pode ser registrada em um pentagrama para ser executada anos depois, e poderá, mais ou menos, ter a mesma forma que o compositor imaginou.
Um sentimento pode, às vezes, ser registrado em uma poesia e, da mesma forma, ser revivido no futuro, mas a vida, e a vida? Como a registrá-la, como guardá-la de com segurança de forma que possa ser revivida fielmente por outros? Não há, não será por um filme ou por algumas lembranças declamadas boca à boca. Será, sim, por um livro.
Todos somos importantes, claro. Se assim somos por que não nos expressarmos para os outros, por que não nos mostrar por inteiro para alguém mais, além de nossos familiares que estão próximos? Pois é, pensando assim é que encorajo-me e encontro justificativas para escrever. Tenho a consciência de que não sou melhor nem pior que ninguém, mas ninguém mesmo.
Tenho saudades da vida. Vejam só isso, saudades da vida. Penso cá com meus botões: A minha vida é tão importante para mim e para os meus filhos, que não quero deixá-la perder-se em vão, no vácuo do tempo. Preciso registrá-la. Mas penso inquieto, o que é a vida para registrá-la? O que é palpável, visível, perceptível ao nível de podermos identificar, entender e registrar? Confesso que não sei. Como mencionei acima, se eu fosse escrever uma música saberia como fazê-lo. Teria de combinar as notas e os símbolos musicais em melodia, harmonia, ritmos, timbres, expressões e um tema qualquer, tudo em um pentagrama e, pronto, lá estaria a música. Mas, e a vida? Como registrá-la. Quais são os símbolos, as combinações possíveis, como registrar as expressões e os diversos timbres? E o ritmo que ela impõe em nós, como apreende-lo e registrá-lo? E o tema, qual o tema da minha vida? Concluo, portanto, que estou com um grande problema. Eu poderia, antes de registrá-la, tentar inventar um método para esse fim, ou seja, para registrar a minha vida baseado nele. Não sei fazer isso, definitivamente.
Resolvi, contudo, simplesmente escrevêe-la. Se existe um método esse será o de recorrer a memória. Primeiramente irei recolher aquelas lembranças flutuantes, ou seja, as que estão mais à tona da minha mente. Depois mergulho profundo no oceano do pensamento, das lembranças e tento registrar aquelas mais profundas. Geralmente as lembranças trazem junto de si, como que utiliazando um hiperlink, os sentimentos e as emoções relacionadas à ela, possivelmente também aquelas que já estavam sepultadas, e também aquelas feridas já curadas, juntas da lembrança.
Gosto de escrever. Emociono-me em reler o que escrevo e sinto-me cumprindo uma missão imposta a mim, e por mim mesmo, acho que inicialmente de forma inconsciente. Parece que isso se apresenta para mim como o saciar de uma necessidade básica tal como comer, dormir etc... Quando escrevo parece que estou anunciando, apresentando e editando para o mundo a minha verdade oculta que, até então, estava restrita aos meus órgãos internos e, muito raramente e em forma de vestígios, também a alguns poucos em torno de mim.
Satisfaço-me escrevendo e é isso que farei até morrer ou enquanto puder.
É curioso imaginar a vida como sendo um livro, bem, mas se não for, pelo menos um livro, o que será, então, a vida? Momentos que se perderão no tempo? Que poderão ficar dispersos nas lembranças de quem a presenciou mas que fatalmente se perderão quando esses se forem? Um livro, sim, um livro é um recurso, mesmo que reduzido, aonde posso registrar a minha vida. Não tem as cores, os sons, a emoção dela, de fato, mas tem o registro dos momentos, alguns que sejam.
A música pode ser registrada em um pentagrama para ser executada anos depois, e poderá, mais ou menos, ter a mesma forma que o compositor imaginou.
Um sentimento pode, às vezes, ser registrado em uma poesia e, da mesma forma, ser revivido no futuro, mas a vida, e a vida? Como a registrá-la, como guardá-la de com segurança de forma que possa ser revivida fielmente por outros? Não há, não será por um filme ou por algumas lembranças declamadas boca à boca. Será, sim, por um livro.
Todos somos importantes, claro. Se assim somos por que não nos expressarmos para os outros, por que não nos mostrar por inteiro para alguém mais, além de nossos familiares que estão próximos? Pois é, pensando assim é que encorajo-me e encontro justificativas para escrever. Tenho a consciência de que não sou melhor nem pior que ninguém, mas ninguém mesmo.
Tenho saudades da vida. Vejam só isso, saudades da vida. Penso cá com meus botões: A minha vida é tão importante para mim e para os meus filhos, que não quero deixá-la perder-se em vão, no vácuo do tempo. Preciso registrá-la. Mas penso inquieto, o que é a vida para registrá-la? O que é palpável, visível, perceptível ao nível de podermos identificar, entender e registrar? Confesso que não sei. Como mencionei acima, se eu fosse escrever uma música saberia como fazê-lo. Teria de combinar as notas e os símbolos musicais em melodia, harmonia, ritmos, timbres, expressões e um tema qualquer, tudo em um pentagrama e, pronto, lá estaria a música. Mas, e a vida? Como registrá-la. Quais são os símbolos, as combinações possíveis, como registrar as expressões e os diversos timbres? E o ritmo que ela impõe em nós, como apreende-lo e registrá-lo? E o tema, qual o tema da minha vida? Concluo, portanto, que estou com um grande problema. Eu poderia, antes de registrá-la, tentar inventar um método para esse fim, ou seja, para registrar a minha vida baseado nele. Não sei fazer isso, definitivamente.
Resolvi, contudo, simplesmente escrevêe-la. Se existe um método esse será o de recorrer a memória. Primeiramente irei recolher aquelas lembranças flutuantes, ou seja, as que estão mais à tona da minha mente. Depois mergulho profundo no oceano do pensamento, das lembranças e tento registrar aquelas mais profundas. Geralmente as lembranças trazem junto de si, como que utiliazando um hiperlink, os sentimentos e as emoções relacionadas à ela, possivelmente também aquelas que já estavam sepultadas, e também aquelas feridas já curadas, juntas da lembrança.
Gosto de escrever. Emociono-me em reler o que escrevo e sinto-me cumprindo uma missão imposta a mim, e por mim mesmo, acho que inicialmente de forma inconsciente. Parece que isso se apresenta para mim como o saciar de uma necessidade básica tal como comer, dormir etc... Quando escrevo parece que estou anunciando, apresentando e editando para o mundo a minha verdade oculta que, até então, estava restrita aos meus órgãos internos e, muito raramente e em forma de vestígios, também a alguns poucos em torno de mim.
Satisfaço-me escrevendo e é isso que farei até morrer ou enquanto puder.