Capoeira
A “capoeira” representa sem sombra de dúvida um dos traços mais fortes da cultura de nosso país. Ela é uma misto de luta marcial, dança, cultura popular e música.
A capoeira surgiu entre os escravos negros e seus descendentes, que foram trazidos da África ao Brasil, durante os quatro primeiros séculos após o descobrimento.
O termo “capoeira” possui alguns significados, um dos quais refere-se às áreas de mata rasteira do interior do Brasil. Foi sugerido que capoeira obtivesse o nome a partir dos locais que cercavam as grandes propriedades rurais de base escravocrata.
A capoeira se caracteriza por movimentos rápidos e complexos, com a utilização dos pés, as mãos e diversos elementos da ginástica e da acrobacia. Uma característica que diferencia a capoeira de outros tipos de lutas marciais (Judô, Karatê, Jiu-Jitsu, etc.) é o fato de que sua prática é acompanhada por instrumentos musicais e canções. Para os grandes mestres da capoeira, há ainda outra significativa diferença da capoeira em comparação às outras lutas, que se trata de sua maior liberdade de criação. Mas, além disso, a capoeira, assim como outras artes marciais, também valoriza a obediência aos rituais, a preservação das tradições e o respeito a todos, especialmente aos "mais velhos".
A “dança” da capoeira é executada por 2 (dois) parceiros, seguindo o toque do berimbau, simulando intenções de ataque, defesa e esquiva.
Praticar essa “dança” exige muito mais do que só a habilidade, pois o praticante da capoeira precisa ter força e autoconfiança. Ele deve ter uma relação de cumplicidade com o companheiro do jogo, mas sempre buscado demonstrar sua superioridade sobre o seu parceiro.
A base da “dança” é o movimento conhecido como “gingado”, do qual nascem todos os outros movimentos, que surgem num desenrolar aparentemente espontâneo e natural, porém com um objetivo dissimulado de obrigar o seu parceiro a admitir a própria inferioridade.
Os instrumentos usados na prática da capoeira expressam a forte miscigenação cultural entre as culturas africanas e os elementos dos católicos portugueses e dos índios americanos.
O berimbau (instrumento de uma corda só, que tem origem no povo africano “banto”) é o principal instrumento da capoeira, pois ele é quem dá o ritmo da “dança”. A “viola”, o "pandeiro" e o “atabaque” são outros instrumentos comuns nas “rodas de capoeira”.
Os praticantes da capoeira “jogam” usando “abadás” (camisas folgadas, feitas de algodão ou material sintético) e calças brancas, também folgadas, para não atrapalhar os movimentos. É comum que os homens “joguem” a capoeira sem camisa, apenas com a calça, presa na cintura pela “corda”. A "corda da capoeira", assim como a faixa nos demais esportes de luta, simboliza o grau de aperfeiçoamento, experiência e técnica do praticante da luta. As cores das cordas de capoeira variam de grupo para grupo e de região para região.
Todo praticante de capoeira recebe um "nome de batismo", um apelido pelo qual é reconhecido por todos os companheiros de "luta".
Os mestres "Bimba" e "Pastinha" foram alguns dos grandes nomes da capoeira que ajudaram a quebrar os preconceitos e a divulgar essa arte por todo país.
Na cidade de Gurupi, o primeiro professor de capoeira foi o funcionário público do DETRAN, Gilmar Lima Cardeal, apelidado de “Foquinha”, que há cerca de 25 anos atrás iniciou a prática dessa arte afro-folclórica na “Capital da Amizade”. Naquela época, as “Rodas de Capoeira” aconteciam no antigo “Campo do Cosmo”, que ficava na quadra situada entre as Avenidas Brasília e Bahia, e as Ruas 01 e 02, no centro da Cidade.
De lá para cá já surgiram e se extinguiram diversos grupos de capoeira em Gurupi. Alguns dos grupos atuais de praticantes da capoeira, como por exemplo a “Equipe Capoeira”, o “Grupo Raízes” e o “Grupo Arte Folclore”, são frutos do pioneirismo do prof. “Foquinha”.
Hoje, todos os praticantes de capoeira de Gurupi se inspiram na história do prof. Foquinha e daqueles pioneiros capoeiristas de nossa cidade.
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Publicado no Jornal Mesa de Bar News, edição n. 279, p. 10, de 26/09/2008. Gurupi – Estado do Tocantins.
Giovanni Salera Júnior
E-mail: salerajunior@yahoo.com.br
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